quarta-feira, 19 de março de 2014

A Longa Trajetória de Pokémon no Brasil: Pokémon - O Filme 2000 (Parte 1)

Dando uma pausa nos Charithoughts, hoje decidi trazer algo mais, digamos, clássico A LONGA TRAJETÓRIA DE POKÉMON NO BRASIL.
Para quem começou a acompanhar meu blog por causa das reviews de Pokémon XY, uma breve introdução: A Longa Trajetória de Pokémon no Brasil é a série de matérias que me motivou a escrever sobre Pokémon em primeiro lugar. É um conjunto de textos relembrando a passagem do anime por aqui. A maior parte desse conteúdo foi publicada no fórum da Poképlus. Nos últimos anos, iniciei um processo de aprimoramento desse conteúdo, mas que ainda não terminei e o meu desestímulo com BW só atrapalhou tudo.
Pra você que chegou tem pouco tempo, já foram publicadas:
Anime: A Liga Pokémon de Índigo - Parte 1 (revisada esta semana), Parte 2, Parte 3 e Parte 4.
Filme: Pokémon - O Filme - Parte 1Parte 2Parte 3 e Parte 4.
Anime: A Liga Laranja - Parte 1, Parte 2 e Parte 3.
Então, se você nunca leu nenhuma Trajetória antes, tem bastante coisa pra vc ler enquanto espera a review que deve sair este fim de semana já que só consegui ver o episódio hoje! Lembrando que desde a mudança do layout algumas postagens ficaram com a formatação meio louca e eu estou corrigindo isso aos poucos, então tenham paciência com qualquer loucura que vocês virem. Mas reportem erros, por favor =D
Aliás, a motivação de postar uma trajetória veio do leitor Cláudio, valeu cara ;) (mas que história é essa de minhas matérias no orkut sem permissão??? lololol)
Mateus, sim, a Blue é Green na versão americana. Enquanto eu consigo associar Green e Blue ao Green numa boa, é difícil me acostumar a chamar Green de Blue pq simplesmente não combina!
Hayate, eu devo escrever o Charithought final de Origens logo após o do XY019. Hm eu não sabia do dublador do Clemont. Realmente faz sentido :o Pobre, Serena...
Raco, seja bem-vindo ao meu blog \\o// Sempre bom reencontrar velhos leitores!
Everton, Fake Out é basicamente pegar alguém de surpresa. O nome brasileiro (não sei se mudou com essas mudanças recentes na dublagem), Ataque Surpresa, é bem adequado nesse sentido. Todavia, o nome japonês do ataque é Neko Damashi, que se pode traduzir em algo como slap hands, "bater as mãos", que se refere a uma tática de sumo usada para confundir adversários - e combina com a animação do golpe nos jogos e no anime. O nome também pode ser literalmente traduzido como "trapaça de gato", por isso pode ser aprendida por uma grande quantidade de Pokémon felinos.


A Longa Trajetória deno Brasil

Pokémon – O Filme 2000 


(Parte 1)



INTRODUÇÃO

O ano de 1998 foi bastante agitado para Pokémon. No Japão, o anime retornou à tevê japonesa após a pausa resultante do incidente com o episódio do Porygon, Pokémon – O Filme chegou aos cinemas japoneses, obtendo um sucesso estrondoso, e os jogos Pokémon Yellow e o Pokémon Stadium originais foram lançados. Para melhorar ainda mais a situação, a franquia chegou à América do Norte com a série animada e os jogos Red & Blue, replicando e aumentando ainda mais o sucesso obtido no oriente. Se um segundo longa-metragem para cinema protagonizado por Ash e cia seria feito? A resposta era mais que óbvia! O segundo filme entrou em produção imediatamente após o bem-sucedido lançamento do primeiro – provavelmente antes, na verdade. O roteirista Takeshi Shudo e o diretor Kunihiko Yuyama novamente se uniram para criar a nova aventura cinematográfica Pokémon. Entretanto, esse filme não seria uma sequência direta do antecessor, como geralmente acontece no mercado cinematográfico ocidental. Ao invés disso, ele traria um evento paralelo aos da série animada estrelada por Ash e cia. Como na época os telespectadores japoneses assistiam às aventuras de Ash, Misty e Tracey nas Ilhas Laranja, este seria o cenário de sua nova aventura nos cinemas também.






O filme estava previsto para ser lançado em julho de 1999 nos cinemas japoneses – sim, no incrível intervalo de tempo de 12 meses que se tornou tradição da franquia –, apenas meses antes do lançamento de Pocket Monters: Gold e Pocket Monsters: Silver, as sequências diretas de Red & Green. Foi estabelecido que o novo filme teria uma história completamente nova no universo da série, não tomando nenhum evento dos jogos anteriores ou dos vindouros como base, mas deveria aproveitar a oportunidade para ajudar a promover os novos jogos expondo algumas da nova leva de monstros de bolso que estariam em Gold & Silver e contribuir ainda mais para encher os cofres da Nintendo. Assim nasceu Gekijōban Pocket Monsters Maboroshi no Pokémon Lugia Bakutan – Lugia Revelation (Pocket Monsters – O Filme: A Aparição Explosiva do Lendário Pokémon Lugia – A Revelação de Lugia). Como o título japonês fez questão de enfatizar, o filme traria a primeira aparição do lendário, e até então desconhecido, Lugia! Como nunca se tem lendários o suficiente num filme Pokémon, as três aves lendárias dos jogos originais, Articuno, Zapdos e Moltres, também foram adicionadas à equação.


Com o sucesso do primeiro curta-metragem, “As Férias de Pikachu”, Lugia Revelation também traria seu próprio curta-metragem, batizado de “Pikachu Takentai” (A Equipe de Exploração do Pikachu), que, novamente, traria uma história protagonizada somente por Pokémon e também teria um tom mais leve e cômico que o longa-metragem. O filme foi lançado nos cinemas japoneses no dia 17 de julho de 1999
e Pokémon – O Filme ainda nem tinha sequer sido lançado nas Américas! Novamente, Pokémon provou sua força nas telas, arrastando novamente centenas de fãs aos cinemas. Prova disso é que na terra do sol nascente, a segunda experiência cinematográfica dos monstros de bolso obteve ¥ 6,36 bilhões (aproximadamente US$ 30,8 milhões*) em bilheteria só no Japão. Junto do filme, uma nova leva de produtos entupia as lojas japonesas e os fãs já entravam no clima para a chegada dos novos jogos da série. E com todo esse sucesso financeiro arrecado no Japão somado ao que a série vinha fazendo no ocidente, 1999 também foi um ano muito agitado para Pokémon no mundo todo. É óbvio que Gekijōban Pocket Monsters Maboroshi no Pokémon Lugia Bakutan – Lugia Revelation não demorou a chegar aos EUA. 

*para o valor 1 iene = 0,00917 dólares.






Novamente, a 4Kids ficou responsável por dar um trato no filme para o lançamento ocidental, que ficou mais uma vez sob a responsabilidade da Warner Bros – que estava mais do que satisfeita com o sucesso do primeiro filme da série. O lançamento na terra do tio Sam só veio a ocorrer um ano depois do japonês, em 21 de julho de 2000, sendo lançado não só nos EUA, mas também em outros países simultaneamente, no que a Warner divulgou como “lançamento mundial”. Apesar da diferença de um ano que os japoneses tiveram que esperar para conferir o novo filme, o público ocidental esperou bem menos. A janela de lançamento dos filmes nos EUA foi de oito meses; no Brasil, apenas seis! Rebatizado de Pokémon – The Movie 2000, o segundo filme atraiu novamente milhares de crianças aos cinemas para curtir em tela grande o curta-metragem batizado nos EUA de “Pikachu's Rescue Adventure” (A Aventura de Resgate do Pikachu) e o longa-metragem “The Power of One”.

O Brasil foi um dos países inclusos nesse lançamento simultâneo promovido pela Warner e aqui o filme teve o título traduzido para Pokémon – O Filme 2000. O segundo filme foi apontado por muitos como melhor que o primeiro em vários aspectos, tendo inclusive uma maior aceitação por parte da crítica – ainda que elas tenham sido novamente bastante negativas. Mas para o público-alvo do filme, os Pokéfãs ao redor mundo, Lugia se tornou um novo queridinho e seu filme é ainda hoje muito amado!

 

A melhora nas críticas não se refletiu, no entanto, na bilheteria. Só nos EUA, o filme obteve US$ 43,7 milhões, que foram somados aos US$ 90,2 milhões arrecadados nos demais países. Por maior que possa parecer e por mais que o filme tenha arrecadado mais ao redor do mundo que o antecessor, dentro dos EUA sua bilheteria foi bastante inferior ao de PokémonO Filme. Para se ter uma ideia, Pokémon – The Movie 2000 arrecadou apenas pouco mais da metade do total que Pokémon – The First Movie havia feito no ano anterior em solo americano. Ainda assim, o filme terminou sua passagem pelos cinemas muito bem, com uma soma de US$ 133,9 milhões recolhidos no mundo todo pelo mesmo valor de produção do antecessor (US$ 30 milhões) – lembrando que este valor mundial está de acordo com os valores de cada moeda na época do lançamento do filme. Mesmo rendendo lucros menores em comparação ao primeiro, Pokémon – O Filme 2000 conquistou a segunda maior bilheteria de um filme de animação japonesa no mundo, posição que ocupou até o lançamento de A Viagem de Chihiro em 2002. Atualmente, Pokémon – O Filme está em 4° lugar, enquanto Pokémon – O Filme 2000 está em 7° (correndo o risco de cair para 8° com o recente lançamento de Vidas ao Vento) – dentro dos EUA, porém, Pokémon ainda detém as duas primeiras posições.

 

Assim como havia feito com Pokémon – O Filme, a 4Kids fez suas mudanças de diálogos, cortes de cenas e alterou todas as BGMs e canções originais, substituindo-as com músicas próprias. A Warner Bros também aproveitou para montar um novo CD com uma trilha sonora “original” do filme, como consequência das boas vendas do primeiro. O álbum foi lançado sob o título Pokémon – The Movie 2000: The Power of One, sendo “The Power of One” também o título da canção original do filme, cantada por Donna Summer nos créditos finais. Em 2001, um segundo CD, Pokémon – The Movie 2000 Original Motion Picture Score, com as BGMs (as músicas de fundo) da versão ocidental também foi lançado, mas exclusivamente em alguns países europeus (Reino Unido não incluso), ficando disponível para os fãs americanos somente em 2004 no iTunes. O primeiro álbum foi lançado no Brasil junto do filme com o título PokémonO Filme 2000: Uma Pessoa Pode Fazer a Diferença.

DUBLAGEM
Responsável pela distribuição do filme por aqui, a Warner Bros do Brasil decidiu manter a dublagem de Pokémon nos estúdios da Delart no Rio de Janeiro – onde ela costuma dublar a maior parte de suas produções até hoje –, feliz com o resultado do trabalho anterior. Assim, mal Pokémon – O Filme havia estreado nos cinemas brasileiros e o trabalho com a dublagem de Pokémon – O Filme 2000 era iniciado! Entretanto, devido ao fato já sabido de que os dubladores regulares da série são de São Paulo, onde o anime é dublado, a Warner teve novamente que transportar alguns deles para o Rio, mas dos dez necessários, somente quatro dubladoras foram levados desta vez – para a dublagem de Pokémon – O Filme, a empresa havia conseguido levar nove dubladores de São Paulo para o Rio. 

Assim, enquanto Ash, Misty, Jessie e James mantiveram seus dubladores originais, Tracey, Meowth, Prof. Carvalho, Sra. Ketchum e Prof.ª Ivy receberam novas vozes, além do Narrador ter sido o quarto da série até então (a primeira e a segunda temporadas tiveram narradores diferentes e o primeiro filme também utilizou um narrador diferente) – no caso de Tracey e Meowth, sabe-se que o dublador original do primeiro, Rogério Vieira, estava viajando e não estava disponível para a dublagem, e Armando Tiraboschi foi chamado, mas não aceitou ir para o Rio dublar. Das novas vozes, destacam-se Miriam Fisher e Mabel Cezar, que conseguiram fazer um trabalho tão bom ou melhor que as dubladoras paulistas. Segue a lista do elenco de dublagem do filme:

Personagem – Dublador em Pokémon – O Filme 2000 
Ash Ketchum – Fábio Lucindo
Misty – Márcia Regina
Tracey – José Leonardo
Jessie – Isabel de Sá
James – Márcio Araújo
Melody – Christiane Monteiro
Prof. Samuel Carvalho – Carlos Seidl
Prof.ª Flora (Ivy) – Mabel Cezar
Delia Ketchum – Miriam Fisher
Lawrence III – Luiz Feier Motta
Maren – Flávia Saddy
Carol – Priscila Amorim
Jornalista – Sérgio Stern

Pokémon – Dublador em Pokémon – O Filme 2000
Lugia – Maurício Berger
Slowking – Pietro Mário
Articuno – Yumi Toma
Zapdos – Katsuyuki Konishi
Moltres, Lapras do Ash – Rikako Aikawa
Pikachu do Ash – Ikue Ohtani
Meowth da Equipe Rocket – Márcio Simões
Goldeen da Misty, Venonat do Tracey – Rachael Lillis
Staryu da Misty, Charizard do Ash – Shin’ichiro Miki
Bulbasaur do Ash – Tara Jayne
Squirtle do Ash, Weezing do James, Scyther do Tracey – Eric Stuart
Psyduck da Misty, Snorlax do Ash – Michael Haigney
Arbok da Jessie – Koichi Sakaguchi
Togepi da Misty – Satomi Korogi
Mr. Mime da Sra. Ketchum, Marill do Tracey – Kayzie Rogers

Dos dubladores de personagens exclusivos do filme, destacam-se Christiane Monteiro como Melody, Pietro Mário como Slowking e Luiz Feier Motta como Lawrence III. Todos foram excelentes em suas interpretações, especialmente o último que conseguiu fazer Lawrence bem diferente do Giovanni que ele havia dublado em “Mewtwo Contra-Ataca”. Maurício Berger também consegue fazer um Lugia bastante imponente, mas que não tem tanta oportunidade de mostrar seu talento já que o Pokémon tem poucas falas. O filme ainda teve um outro problema. Ao que parece, após o trabalho com a dublagem ter sido terminado, a equipe de dublagem percebeu que algumas partes ficaram faltando e assim duas cenas foram feitas com dubladores diferentes. Assim, Hermes Baroli acabou dublando Lawrence na cena seguinte a Lugia emergindo dos mares e Kakau Gomes dublou Jessie na cena em que o trio da Equipe Rocket corre para agarrar a pata de Lugia – estranhamente, os gritos dos personagens durante a cena são dos seus dubladores no restante do filme.
 

No quesito tradução, não houve erro, apenas uma divergência da série de tevê. Na dublagem do anime, a Prof.ª Ivy mantém seu nome em inglês, mas na dublagem da Delart eles optaram por adaptar seu nome para Prof.ª Flora – provavelmente seguindo a lógica do Prof. Carvalho, que tem seu nome tradicionalmente traduzido no Brasil. Um outro detalhe interessante é que todos dubladores pronunciaram “Articuno” e “Melody” usando os sons das consoantes -t e -d de uma forma não abrasileirada. Apesar de cinco músicas tocarem da cena de abertura do curta-metragem aos créditos finais do longa-metragem, apenas o tema de abertura do filme foi a única dublada pelo estúdio por se tratar da mesma utilizada na fase das Ilhas Laranja na versão americana do anime, mas num novo arranjo. Com o interesse de lançar o CD da trilha sonora da série no Brasil também, a Warner Bros quis que a música fosse cantada por um grupo POP que tivesse alguma fama por aqui e convidou as meninas do extinto SNZ para cantá-la. Felizmente, o resultado foi positivo. O trio ainda aproveitou para cantar o nome do grupo entre os versos da música :p Deste modo, ambos o curta-metragem “Pikachu ao Resgate” (Pikachu Rescue Adventure) e o longa-metragem “O Poder de Um” (The Power of One) dublados, era hora da estreia no cinema!

2 comentários:

  1. Nossa, fiquei muito feliz agora! Duplamente! Além de servir de motivação para um cara que me motiva há anos, posso voltar a sorrir ao ler o título "A Longa Trajetória de Pokémon no Brasil".
    Estava com medo de ser interpretado de maneira grosseira pelo que escrevi antes, então vou frisar uma vez mais que SIR CHARIZARD É ALGUÉM QUE JÁ FAZ PARTE DA MINHA VIDA (de certa forma rs) HÁ ANOS E O RESPEITO PROFUNDAMENTE!
    Sobre a Trajetória desta vez, foi fantástica como sempre! Já estava até pronto pra mencionar aqui as duas falas que foram dubladas por outros profissionais, mas você pensou em tudo, como sempre!

    Só passei agora mesmo pra parabenizar seu esforço e carinho com quem vem aqui todo dia procurar algo interessante pra ler. Quando estiver com um tempinho maior, vou postar aqui pra você o link que comentei do Orkut ;-D

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  2. Como prometido, tá aqui, Sir, o link do Orkut (nossa!) onde constam seus posts (na comunidade Pokémon é D+):

    http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=18001437&tid=2489029907785314569&na=1&npn=1&nid=

    Como fonte consta a Poképlus (o link deixado não encaminha para sua matéria lá, mas sim para o site)

    O Ygor Chagas (quem postou lá) só pecou em não te mencionar (só??!), porque bem ou mau foi graças a ele que pude terminar de ler seu trabalho. Te acompanho desde aquela época, mas após seu trágico desaparecimento (rs) este link foi tudo que me restou rsrs

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