Olá, você que deve estar acordando agora enquanto eu começo a dormir! Mais uma matéria pra você =D
Antes, só uma coisinha: um leitor que já concorre a Melhor Leitor do Ano fez uma coisa linda. Ele pegou os dados dos meus Guias de Batalhas e os converteu em números para a gente ter uma ideia de quais Pokémon do Ash lutaram mais, quem venceu mais, quem perdeu mais. O resultado é suuuper bacana e você pode conferir clicando aqui. Muito obrigado, Raco ;D
Você
soltaria seu filho de 10 anos no mundo para pegar bichos que poderiam
potencialmente controlar sua mente e transformá-lo em seu escravo
pessoal? Bom, se você disse não então você entende bem a razão
de mesmo
num mundo fictício e absurdo como este em que perambulam Ash e seus
amiguinhos, onde humanos entendem Pokémon e vice-versa e mesmo
os animais não-humanos
se provam claramente capazes de desenvolver raciocínios complexos,
prevalece
o ditado de Thomas Hobbes: “O homem é o lobo do homem”. As
ameaças que os Treinadores enfrentam são em
99,9% dos casos
causadas por seres humanos ou consequências de ações humanas. Se um
grupo de Gyarados mandam Ash, Misty, Brock e cia pra morte, é porque
James maltratou o bichinho antes (e todos os demais cogitaram comê-lo). Se as
aves lendárias provocam o apocalipse precoce na terra, é porque um
milionário bocó decidiu que podia usar sua nave feiosa para a
harmonia perturbar. Se não é um humano, é o temperamento ou
instinto natural do Pokémon. No
máximo, um Pokémon trambiqueiro, mas nunca um realmente mau ou
ameaçador.
Mas
e o Meowth?
Presente na série desde o segundo episódio da série original, Meowth não tem um
Treinador, nunca foi capturado; ele tem um chefe. aliou-se
à Equipe Rocket por livre
e espontânea vontade.
Ele é o primeiro exemplo de um Pokémon que quer ser vilão, mas ele também é um Pokémon peculiar
que quis ser
“humano”. Portanto
aí
você tem um
dedinho
da corrupção vinda da humanidade que Meowth tanto quis mimetizar
– antes disso ele era um Pokémon inofensivo como (quase) todos os outros.
Ainda
assim, Meowth
fez sua escolha pelo
mau, o que sempre quis dizer que outros Pokémon também poderiam fazer o mesmo.
Não
faz muito tempo que eu mencionei aqui
o episódio de Best
Wishes! que quebrou tabus nesse sentido,
“Susto na Mansão de Litwick!”, que foi o primeiro (que eu me
recordo) a trazer a ideia de Pokémon sendo
cruéis por vontade própria
sem qualquer conexão com humanidade.
E agora Pokémon
XY
dá mais um passo adiante com o aterrorizante Malamar!
Se
tem uma coisa que a nova série tem feito com louvor é introduzir
novos personagens. Mesmo em episódios fillers
como o do Mercador de Pokémon, os roteiristas e animadores tem se
esforçado para torná-los únicos de alguma forma, seja no design,
ou na forma característica de falar ou num traço de personalidade marcante – algo que já a difere muito das antecessoras. Malamar
é outro excelente exemplo deste trabalho bem executado. Shinzo
Fujita (o
mesmo
dos excelentes episódios do
Ginásio de Santalune) consegue de forma muito eficiente mostrar
todas as razões que tornam este Pokémon ameaçador.
Ele é bastante
poderoso, sendo
capaz de manter
um
punhado de pessoas
e Pokémon sob
seu controle. O
anime nunca explicou exatamente o quanto um Pokémon Psíquico
consegue manipular com seu poder, mas eu gosto de pensar que quanto
mais itens se tem para controlar, mais fraco fica o controle de cada
item individual. O episódio parece de fato seguir essa lógica ao
mostrar a diferença no controle da Policial Jenny para os demais
personagens. Madame X se move livremente e consegue falar sem
dificuldade, ao passado que Jessie, James, Pikachu e os demais agem
de forma mais lenta e falam de forma mais mecânica.
Isso é especialmente importante pra mim porque mostra que se Malamar
não tivesse tão focado em manter todas aquelas pessoas e Pokémon
sob seu domínio Psíquico, especialmente em Madame X, nem mesmo o
tão poderoso vínculo de Ash e Pikachu teria resistido. Ou seja,
Malamar é realmente um oponente muuuuito poderoso.
Além
dos músculos (mentais =P), ele também possui o cérebro: o pacote
completo. A atitude de assumir controle de uma humana e torná-la sua aparente Treinadora é esperta por várias razões. No mundo
Pokémon, os humanos são nascidos para mandar e os Pokémon para
obedecer. As pessoas e os Pokémon aceitariam mais fácil o controle
se acreditassem que vinha de uma mente humana do que de um outro
monstro de bolso. Além disso, em caso de eventuais ataques, as
autoridades focariam em prender o criminoso humano, não o Pokémon –
é provável que nem existam prisões para Pokémon (oh esqueci as
Pokébolas =P). Além disso, Malamar toma posse de um observatório
de rádio abandonado já com sistema de segurança e outras
tecnologias abandonadas para montar o seu “sistema de grande
significância” e ficar de olho nos possíveis intrusos.
Além
disso, o
fato de que Pokémon
eram seus verdadeiros alvos também
tornam
suas atitudes ainda
mais
interessantes.
Outra
coisa que vale mencionar é a Equipe Rocket. Fazia um tempinho que
eles não tinham uma participação realmente significativa na série,
então foi legal ver a participação deles neste episódio. Eu
sempre gosto muito de episódios em que o trio de vilões é obrigado
a agir em conjunto com os heróis – algo que tem acontecido beeeem pouco na
série nos últimos anos (salvo aquele arco em Best Wishes! quando
Meowth viajou com Ash, Íris e Cilan por um tempo) –, então também
é legal ver isso acontecendo aqui outra vez, ainda que seja somente
Meowth outra vez. Apesar de curta, sua interação com o grupo é boa. É legal ver Bonnie liderando as suspeitas contra o
felino e ele se defendendo, com honestidade, e Clemont sendo todo cuidadoso. Eu também gosto muito
da ideia de como ele escapou do controle mental causando a si mesmo
uma grande dor – é corajoso e ao mesmo tempo algo bem extremo –
e de como ele age ao lado de Ash na segunda metade do episódio.
E
enquanto eu gosto das aparições dos demais personagens – todos
tem seu momentinho – novamente quem rouba a cena é Clemont. Acho
que já comentei antes que as invenções do jovem rapaz são
definitivamente a melhor novidade da série até o momento e aqui
temos mais uma prova disso. É legal ouvir o jovem cientista dizer ter
criado este robô imaginando a eventualidade de Pikachu ser roubado
outra vez e mais legal ainda que ele se pareçe exatamente com uma
versão totalmente automatizada de como a aparência do rato elétrico
seria se ele fosse um desenho americano nos anos 60. Mas o melhor a
respeito dessas invenções é que enquanto na maioria dos casos,
elas falham e explodem, elas também funcionam às vezes. Neste
episódio, a invenção de Clemont dá a louca, explode, faz o cabelo
de todo mundo ficar radical, mas no fim das contas é ela quem salva
todos da Hipnose de Malamar – o que é ótimo
porque também tirou o peso do final do clichê da amizade de Ash e
Pikachu outra vez.
E se
este episódio é um dos mais fodas de Pocket Monsters XY até
aqui, a coisa teria sido muito diferente se a parte técnica não
tivesse sido tão caprichada quanto foi. Além de ajudar a expor
melhor a extensão do poder de Malamar ao mostrar o contraste entre as vozes de Madame X e dos demais possuídos, a dublagem do Pokémon vilão
também ajuda a torná-lo uma criatura ameaçadora com seus sons e
risadas sinistras. Também merece destaque a dubladora da Policial
Jenny/ Madame X, Chiemi Ishimatsu, que consegue convencer de que é a
verdadeira mente por trás de tudo até a grande revelação. E Inuko
Inuyama, a dubladora de Meowth, consegue deixar o clímax bem tenso
ao fazer a tradução das palavras de Malamar com tanta urgência na
voz.
A
trilha sonora do episódio também é impecável, utilizando músicas
que ajudam a criar o clima de suspense e mistério ao longo de todo o
episódio. E a animação também está muito bem-feita, apesar de
alguns errinhos – me incomoda MUITO como a tropa de Pokémon de
Malamar DESAPARECE depois que o robô de Clemont derruba o Pokémon
Ponta-cabeça e depois reaparece fugindo das instalações (protegendo Ash e cia :3). Enfim, “O Maligno Plano de Madame X! O Malamar
Aterrorizante!!” é um mais um episódio excelente de Pocket
Monsters XY justamente porque consegue combinar ótimos roteiro,
dublagem, trilha sonora e animação! E, é claro, já aguardo
ansiosamente o retorno de Malamar para descobrir que diacho de plano
é esse em que mais indivíduos (pessoas ou Pokémon) parecem estar
envolvidos?
Considerações
finais:
- Eu gostei da participação da Equipe Rocket neste episódio e até gosto da ideia de eles reassistirem aos episódios da série usando sua super-caixinha, mas... sério que eles estavam revendo os golpes do Pikachu? Tipo, é o mesmo conjunto de golpes desde sempre! A última adição foi a Bola Elétrica no começo de Best Wishes!, então é meio idiota que eles estejam aparentemente estudando os golpes que eles basicamente veem o Pokémon de Ash usando toda vez que os enfrentam;
- Dedenne estavam bem agitado neste episódio e seus gestos também estavam mais em sincronia com os de Bonnie. Será que isso é um sinal de que o vínculo entre os dois está se fortalecendo?
- Embora inicialmente eu tenha achado uma ideia até bacaninha, essa paradinha de mostrar o personagem estrela do episódio também pode ser uma grande furada. Nas sagas anteriores, havia essas ocasiões especiais em que Ash e cia eram tirados de cena para uma aventura mais focada na Equipe Rocket ou na própria interação entre seus diversos Pokémon – não necessariamente Pikachu. Isso não aconteceu uma única vez em Best Wishes! (estou enganado? Posso estar, então me corrijam se esse for o caso) e eu acharia ótimo se voltasse a ocorrer, então espero que essa paradinha de mostrar o personagem em quem o episódio focado não seja um limitador para XY. No episódio do Espurr, esse sistema já foi quebrado com a tela inicial comum sendo trocada, o que é um ótimo sinal. Além disso, já ocorreu de o episódio ser focado em personagem tal oficialmente, mas na real nem ser o caso (como no episódio passado, que em teoria era do Clemont... mas nem tanto);
- Olha só, eu não quero tornar isso uma coisa recorrente, mas veja bem o que acontece quando uma Policial Jenny tenta consertar as coisas. Eu também queria lembrar que no episódio do Snorlax, as pessoas de Camphrier cogitavam chamar a Policial Jenny, mas não chegaram a fazê-lo de fato. Talvez seja hora de começar uma busca por uma força policial de sobrenome diferente? #CONTRAAJENNYFICAÇÃODAPOLÍCIA;
- Eu achei que o fato de Clemont ter dado uma explicação um tanto aprofundada sobre os observatórios de rádio possa significar que a escolha do local pelo Malamar não foi por acaso. Uma pena que, assim como o Ash, eu também não tenha entendido muito bem =P logo não posso deduzir nada disso;
- Se eu não estou enganado (minha memória é ruim, gente), este episódio também marcou a primeira vez que um membro da Equipe Rocket (Meowth) viu uma invenção Clemont – e ela funcionou! Não seria legal se víssemos um dia o rapaz sendo sequestrado pelos vilões para construir um robô eficiente pra eles? Afinal de contas, o Pikachu robô deu certo... ainda que de uma outra maneira =P
- Eu acho uma pena que a identidade de Madame X tenha sido revelada muuuuito antes da exibição do episódio pelas prévias e fotos de divulgação. E também acho que a animação não precisava ter entregado tanto mostrando as madeixas da moça;
- Serena & Prioridades: Antes uma mente controlada do que uma cara arrasada;
- Melhor cena do episódio porque sim:
- Aliás, eu adoro como até Pumpkaboo está com medo. Quer dizer, este é o Pokémon que segundo a Pokédex dos jogos é uma abóbora possuída por um espírito preso neste mundo e responsável por levar espíritos errantes para fazer a passagem. E ele está se cagando de medo! Pois é;
- O X no nome de Madame X é porque no Japão costuma-se associar o X a mistério. O Lugia das Ilhas dos Redemoinhos era chamado de Pokémon X antes de se saber de quem se tratava;
- O episódio que nos apresentou Princesa Ally conquistou ótimos 6,4% de audiência – contra 4,8% do seu antecessor. Isso só quer dizer uma coisa: tragam Princesa Ally de volta, queridos roteiristas!