sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Longa Trajetória de Pokémon no Brasil - A Liga Laranja Parte 1

E estamos de volta ao nosso querido anime depois de nossa demorada passagem pelo filme de Mewtwo e seus derivados. É interessante ver o caminho que 14 anos depois o anime está seguindo hoje lembra bastante o seguido anos atrás. Afinal aqui estamos em 2013 com um novo filme estrelado por Mewtwo e mais uma pequena saga Pokémon num arquipélago! Na próxima, trarei o Guia de Batalhas da May (tirei a enquete porque estava dando problema, mas duvido que May perderia para seus rivais ou Iris e Cilan, então...).
Enfim, espero que curtem, deixem o seu comentário e ajudem a divulgar o blog!

A Longa Trajetória deno Brasil
ANIME – A LIGA LARANJA
(Parte 1)

INTRODUÇÃO
O grande sucesso de Pokémon foi algo bastante inesperado, mesmo para a Game Freak e a Nintendo. Várias pessoas buscavam entender como jogos e desenhos tão simples em termos de narrativa e visual conseguiam atrair a atenção de tantas crianças e entre tantos argumentos que enalteciam ou criticavam a franquia, uma coisa era certa: Pokémon já havia deixado sua marca na história! E é claro que todo esse alarde em cima da série só serviu para mover ainda mais o mercado de produtos relacionados à franquia, que estampava todo tipo de produto lançado no Japão, incluindo mais jogos, brinquedos, e novas séries em mangá. E para manter o mercado em movimento, era necessário que novos episódios do anime fossem produzidos, mas havia um pequeno problema. Segundo o animador Masaki Iwake, a série havia sido originalmente planejada para durar um ano e meio, o que daria aproximadamente uns 80 episódios (a saga da Liga Índigo teve, de fato, 83 episódios). Mas então a Nintendo decidiu expandir a franquia com novos jogos que continuariam a história original de Pokémon Red & Green/Blue, mas tais jogos ainda demorariam para ser lançados. O último episódio da Liga Índigo foi exibido no Japão em 28 de janeiro de 1999 e os novos jogos chegariam às lojas apenas em 21 de novembro daquele mesmo ano, então havia um espaço de dez meses de espera e o anime não teria um intervalo até lá, o que forçaria os roteiristas da série animada a desenvolverem alguma aventura com os personagens que durasse até novembro, quando teriam os novos jogos para trabalhar.
É verdade que o lançamento de Pokémon Red & Green no Japão foi seguido do lançamento de vários jogos, como Pokémon Yellow Version para o Game Boy Color, inspirado na história do anime, Pokémon Stadium o primeiro para o Nintendo 64, focado nas batalhas e Pokémon Snap, um jogo de tirar fotos de Pokémon selvagens em seu habitat natural, também para N64), mas nenhum deles dava continuidade a Pokémon Red & Green ou base o suficiente para sustentar uma série animada por quase dez meses. Foi então que nasceu a Liga Laranja, a primeira saga do anime sem ligação direta com os jogos principais da franquia. Estreando em terras japonesas em 04 de fevereiro de 1999, a Liga Laranja foi encerrada em 07 de outubro, pouco antes do lançamento dos novos jogos Pokémon Gold & Silver por lá. Ash pode não ter vencido a Liga de Índigo e tampouco desafio a Elite dos Quatro, como os jogadores fazem, mas dá para se notar que os roteiristas do anime pegaram o conceito do desafio a quatro Treinadores poderosos que levam a um Campeão e o adaptaram para durar mais que 30 episódios. Ao invés da Elite dos Quatro, entretanto, Ash desafiaria a Equipe Laranja, composta de quatro Líderes de Ginásio, que fazem mais que batalhar apenas, e seu Líder. A saga da Liga Laranja foi composta de 35 episódios, sendo que 24 deles foram incluídos na segunda temporada americana e os 11 restantes no começo da terceira. Felizmente, nenhum desses episódios foi censurado no ocidente e até que a Liga Laranja conseguiu cumprir bem sua função de tapa-buraco, trabalhando algumas pequenas histórias, levantando algumas novas questões e tendo um ótimo desfecho.

DUBLAGEM
A Liga Laranja teve início na segunda metade da segunda temporada, que já estava em fase de dublagem no Brasil nos estúdios da BKS, sob direção de Patrícia Scalvi, responsável pelas primeiras mudanças na dublagem do anime, como algumas trocas de vozes. Apesar de alguns pequenos contras, quando a Liga Laranja estreou, o povo já estava mais acostumado com o trabalho do estúdio e já podia aceitar as diferenças mais facilmente. Com a chegada de um novo protagonista à série, Tracey Sketchit, a BKS teve que escolher um novo dublador para compor o elenco principal da série e então convidou Rogério Vieira, um completo desconhecido até então, para cumprir esta função. Felizmente, o dublador conseguiu fazer um ótimo trabalho com Tracey – que era um personagem particularmente fácil de se dublar. No final das contas, apesar de sua má fama nos bastidores da dublagem brasileira, a BKS realizou um trabalho quase que no mesmo nível do da Master Sound, garantindo mais uma temporada de dublagem de boa qualidade. Entretanto, se a BKS já não era popular entre os dubladores no Brasil, ela conseguiu a má fama também entre os telespectadores ao dublar Sailor Moon R, realizando um trabalho extremamente inferior ao da série original em 1996, com mudanças em TODO o elenco de dublagem, péssima tradução e uma música de abertura muito mal feita, gerando uma das maiores polêmicas da dublagem brasileira até hoje! Com isso, a Swen decidiu levar a terceira temporada de Pokémon para outro estúdio que começava a ascender no Brasil na época: a Parisi Vídeo, também de São Paulo. Dando os seus primeiros passos no mercado, a Parisi tinha o que a Swen mais valorizava num estúdio: preço baixo.
Felizmente, sob a direção de José Parisi Jr., a equipe da Parisi Vídeo demonstrou interesse em agradar o seu público-alvo, utilizando da mídia para conquistar a simpatia dos fãs, já prometendo logo de cara convocar todo o elenco original de dublagem da série – que pouco antes da estreia da terceira temporada da série já havia se deparado com mais trocas de dubladores no segundo filme da franquia, Pokémon – O Filme 2000. E, de fato, eles cumpriram a promessa! Armando Tiraboschi e Fábio Moura que se ausentaram na segunda temporada retornaram para seus respectivos papéis como Meowth e o narrador e Rogério Vieira também retornou de uma viagem só para dublar as últimas participações como Tracey como membro regular do anime. Apesar de ter mantido o elenco de dublagem, a Parisi aparentemente não trouxe de volta o tradutor que supostamente havia trabalhado na série nas temporadas anteriores, iniciando uma nova bagunça na tradução da série.
Assim, nomes de ataques bem estabelecidos na segunda temporada como Folha (de) Gilete e Arma de Água foram mudados novamente para Folha Navalha e Jato de Água ou Canhão de Água. Hyper Beam foi chamado de Super Raio em um episódio e em alguns momentos, termos em inglês comumente traduzidos na dublagem da série foram deixados no original em algumas cenas, podendo-se ouvir Team Rocket, Gary Oak e Pokédex nos episódios finais da saga da Liga Laranja em vez de Equipe Rocket, Gary Carvalho e Pokéagenda, respectivamente. Outro problema do estúdio foi a pronúncia dos nomes dos Pokémon. Se na Master Sound e na BKS, havia-se uma preocupação de manter a pronúncia americana com um aportuguesamento, José Parisi Jr. não parecia muito preocupado com isso, resultando em muitos Pokémon serem chamados exatamente como se escrevia o nome – como Vileplume, por exemplo, que em vezvaioplum” eles diziam "vileplume" mesmo. Tanto na BKS quanto na Parisi Vídeo, a tradição de se traduzir o máximo de termos próprios da série o possível – à exceção de nomes de Pokémon – foi mantida e termos específicos do anime foram mantidos da passagem da BKS para a Parisi, como Liga Laranja (Orange League), Equipe Laranja (Orange Crew), Ilhas Laranja (Orange Islands) e GS Ball (Bola GS). Uma coisa interessante é que, mesmo que em estúdios diferentes, todos os membros masculinos da Equipe Laranja foram dublados pela mesma pessoa no Brasil: Silvio Giraldi. Veja a lista do elenco de dublagem da Liga Laranja:

Personagem(ns) – Dublador(es) na saga da Liga Laranja:
Ash – Fábio Lucindo
Misty – Márcia Regina
Tracey Sketchit – Rogério Vieira
Brock – Alfredo Rollo
Professor Carvalho e Pokéagenda – Wellington Lima
Sr.ª Ketchum – Vanessa Alves
Jessie – Isabel de Sá
James – Márcio Araújo
Gary – Rodrigo Andreatto
Enfermeira Joy, Profª. Ivy e Prima (Lorelei dos jogos) – Fátima Noya
Guarda Jenny – Raquel Marinho
Narrador – Marcelo Pissardini (BKS) e Fábio Moura (Parisi Vídeo)
Cassidy – Sandra Azevedo
Butch – Tatá Guarnieri
Cissy – Denise Reis
Danny, Rudy e Drake – Silvio Giraldi
Luana – Adna Cruz
Giovanni – Affonso Amajones e Luiz Antônio Lobue (no episódio “Susto no Ar” apenas)

Pokémon – Dublador(es) na versão brasileira saga das Ilhas Laranja:
Pikachu de Ash – Ikue Ohtani
Meowth da Equipe Rocket – Marcelo Pissardini (BKS) e Armando Tiraboschi (Parisi Vídeo)
Chansey das Enfermeiras Joy, Goldeen e Poliwag de Misty, Vulpix de Brock, Jigglypuff, Venonat de Tracey, Jynx de Lorelei, Ditto de Drake – Rachael Lillis
Geodude de Brock, Psyduck de Misty, Muk e Snorlax de Ash, Geodude de Danny, Cloyster de Lorelei – Michael Haigney
Onix de Brock, Kingler de Ash, Onix de Drake – Unsho Ishizuka
Zubat de Brock, Staryu de Misty, Charizard de Ash – Shin’ichiro Miki
Bulbasaur de Ash – Tara Jayne
Squirtle de Ash, Weezing de James, Lickitung de Jessie, Blastoise de Cissy, Drowzee de Cassidy, Machoke, Scyther e Electrode de Danny, Slowbro e Dewgong de Lorelei, Scyther de Tracey, Marowak de Luana, Venusaur de Drake – Eric Stuart
Persian de Giovanni – Rica Matsumoto
Arbok de Jessie, Electabuzz de Drake – Koichi Sakaguchi
Tauros de Ash, Dragonite de Drake – Katsuyuki Konishi
Togepi de Misty – Satomi Korogi
Victreebel de James – Yuji Ueda (até o episódio “Fome de Snorlax!”) e Rikako Aikawa (a partir do episódio “Fantasmas Camaradas”)
Lapras de Ash, Seadra de Cissy – Rikako Aikawa
Mr. Mime da Sra. Ketchum, Marill de Tracey – Kayzie Rogers
Alakazam de Luana, Electabuzz de Drake – Maddie Blaustein
Gengar de Drake – Ted Lewis
Eevee de Gary – Mika Kanai

Vale comentar também a sequência “Quem é esse Pokémon?” porque apesar de existir desde a primeira temporada, a Parisi Vídeo foi o primeiro estúdio a manter as vozes dos Pokémon originais após a resposta ser dada. Na Master Sound, o som dos Pokémon foi omitido e na BKS, a grande maioria dos sons foi refeita por alguém dentro do próprio estúdio. Outra coisa notável é que enquanto na Master Sound e na BKS, fazia-se um esforço maior para colocar dubladores diferentes daqueles do elenco da série para perguntar “Quem é esse Pokémon?”, na Parisi Vídeo Fábio Lucindo, Márcia Regina e os demais foram usados. Durante os 35 episódios da fase da Liga Laranja, o tema de abertura foi “Mundo Pokémon” (Pokémon World), substituindo o “Tema Pokémon”. A abertura japonesa foi “Rival!”, da qual muitas cenas foram tiradas para compor a abertura ocidental – assim como o episódio “A Revolta do Pikachu”. Entretanto, houve duas versões diferentes de “Mundo Pokémon” no ocidente. Uma para a segunda temporada com a abertura completa, cantada no Brasil por Nil Bernardes, e outra na terceira temporada, também cantada por Nil, mas mais curta e com um arranjo diferente. Tanto na BKS quanto na Parisi, ambas as versões ficaram muito bem-feitas.
Sobre os encerramentos, a 4Kids ainda utilizava uma versão reduzida da abertura com créditos finais, mas para a segunda temporada, ela substituiu o PokéRap pelo Jukebox do Pikachu. Tal segmento consiste de diferentes clipes musicais (compostos com cenas aleatórias de episódios da série mais algumas cenas retiradas dos encerramentos e aberturas japonesas), que serviam para promover o CD Pokémon – 2B A Master, lançado no Brasil como Pokémon – Para Ser Um Mestre. A questão é que enquanto nos Estados Unidos, as músicas do Jukebox eram as mesmas do CD, no Brasil a coisa era um pouco diferente: as músicas que rodavam após o encerramento do anime foram gravadas no próprio estúdio da BKS, cantadas por Nil Bernardes, Soraya, Nizia e Marion Camargo. O CD, por outro lado, foi lançado por aqui pela Abril Music, que regravou todas as músicas num estúdio mais adequado, mas procurando usar os mesmos cantores do anime. Porém algumas acabaram existindo duas versões de cada música, com diferenças na letra, por exemplo. Algumas músicas também foram tocadas e dubladas dentro de episódios da série. No Japão, foram usados como encerramentos da saga das Ilhas Laranja: “Type: Wild” (Tipo: Selvagem) e “Laplace ni Notte” (Navegando no Lapras).

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