terça-feira, 3 de junho de 2014

A Longa Trajetória de Pokémon no Brasil - A Liga Johto Parte 1

Bom, algumas coisas demoram, mas finalmente chegam! Você já viajaram comigo no tempo e relembraram a jornada pela região de Kanto e também pelas Ilhas Laranja, agora apertem os cintos porque estamos prestes a percorrer a maior trajetória até aqui!

A Longa Trajetória deno Brasil
ANIME – A LIGA JOHTO
(Parte 1)


INTRODUÇÃO
Em 21 de novembro de 1999, os jogos Pokémon Gold Version (Pocket Monsters Gold Version) e Pokémon Silver Version (Pocket Monsters Silver Version) chegaram às lojas japonesas! O primeiro passo que a Nintendo dava em direção a uma eterna renovação periódica da franquia, os jogos muito aguardados vinham acompanhados de uma infinidade de produtos estrelando Pikachu e a nova centena de monstros de bolso para lotar as prateleiras das lojas japonesas! Isso serviu para dar um novo gás à marca. Em Gold & Silver, os jogadores puderam explorar a região de Johto numa experiência de jogo ampliada e muito melhorada em relação aos originais Red & Green e, de quebra, ainda descobrir o nome da região anterior: Kanto! Com a chegada dos novos títulos da franquia e de todas as novidades que os acompanhavam, esperava-se que o anime também sofresse uma renovação, afinal a Liga Laranja deu um caldo bom, mas os fãs ainda sentiam falta de algo. A grande expectativa era de que as aventuras de Ash Ketchum tomassem novo vigor em sua nova jornada.


Sendo atualmente a segunda mais longa de todas as sagas da série, com um total de 158 episódios exibidos entre 14 de outubro de 1999 a 14 de novembro de 2002 no Japão, esta foi definitivamente uma aventura bem maior que suas antecessoras, mas quantidade esteve bem longe de ser sinônimo de qualidade aqui. Se os produtores e roteiristas da série já não demonstravam saber muito bem o que estavam fazendo na saga da Liga de Índigo, eles não pareceram ter pensado muito em como tornariam todos esses anos esticados de Liga Johto relevantes e interessantes para os telespectadores. Diferente da primeira saga em que o ritmo começou acelerado e depois desacelerou drasticamente, aqui toda a saga foi levada a passos lentos, afinal era o mesmo número de Insígnias e Ginásios da primeira jornada, o mesmo número de protagonistas, mas muito mais episódios entre cada conquista do Treinador de Pallet!
Jogando a criatividade de lado, os roteiristas simplesmente decidiram levar a série adiante usando os mesmos artifícios com os quais já haviam trabalhado antes, mas sem toda a influência da cultura japonesa e o nonsense ocasional que davam um certo diferencial à série. E logo o que era novidade e carismático e havia conquistado o público tornou-se repetitivo e a melhora que os fãs esperavam não se realizou – ao menos não da forma como esperada, porque houve sim melhoras! E nem os 100 novos Pokémon de Gold & Silver foram o suficiente para ocupar essas lacunas imensas imensas entre um episódio importante e outro. Assim, entre capturas, lutas de Ginásio, algumas evoluções e outros acontecimentos relevantes para série, havia dúzias de fillers, capítulos cujo único propósito era encher linguiça até um grande evento acontecer. E a grande maioria desses fillers consistia basicamente na reciclagem da mesma ideia: Ash chega a um local, conhece um Treinador que possui um Pokémon diferente, que acaba sendo roubado pela Equipe Rocket, então Ash faz a Equipe Rocket decolar de novo, salvando o dia e tudo acaba bem. Agora imagine que dos 158 episódios, apenas cerca de 90 nos mostraram algo relevante ou diferente para a saga, enquanto os outros seguiram aquele enredo repetido – e considere ainda que muitas vezes os episódios onde coisas importantes aconteciam também seguiam o roteiro básico citado acima com um diferencial como captura ou evolução mais para o final. E isso bastou para que Pokémon começasse a perder toda a força que tinha, especialmente no ocidente.
Obviamente, os responsáveis pela série perceberam que a coisa não estava agradando e quando viram o quão enfadonha a situação estava ficando, começaram a investir em arcos de história mais envolventes ou envolvendo múltiplos episódios – como a Competição dos Redemoinhos, o mistério de Lugia, a jornada com Larvitar, etc, todos eles ocorrendo, não por acaso, na fase final da saga. Apesar de todos os defeitos, Johto trouxe várias melhoras: Misty e Brock deixaram de ser apenas acompanhantes de viagem e passaram a ter mais importância na série, principalmente ela, que é a personagem que visivelmente mais evoluiu nesta jornada, assim como Gary, o rival de Ash, que deixou de ser mero alívio cômico e passou a ter uma presença mais significativa, e embora as pessoas insistam que o Ash ficou mais infantil, ele também teve seus próprios amadurecimentos. Um deles, por exemplo, é o que fato de que ele passou a conquistar suas Insígnias através batalhas sérias em vez dos vários méritos de bom samaritano e sorte, tão comuns na fase da Liga de Índigo, aproximando-o mais da experiência pessoal dos jogadores – o que ia de encontro ao fato de que cada vez mais telespectadores do anime agora já jogavam os jogos da série.
Diferente da saga original, que ignorou boa parte da história principal de Red & Blue, esta buscou utilizar muito mais elementos de Gold & Silver, e a face mais séria e sombria da Equipe Rocket foi finalmente mostrada para dar uma variada no batido estilo pastelão do trio Jessie, James e Meowth. As batalhas foram visualmente mais bem planejadas e dinâmicas, alguns personagens do dia da saga de Índigo retornaram em alguns episódios (embora sua presença nem fizesse tanta diferença assim) e tanto os personagens quanto os Pokémon puderam ser mais bem trabalhados. Também tivemos a primeira troca de Pokémon definitiva na série. Entretanto, se nos jogos, evolução é um dos principais métodos para tornar seu monstrinho mais forte, o princípio ainda era mal visto no anime e poucos Pokémon evoluíam. Em Johto isso se agravou. Em 158 episódios, Ash só evoluiu um Pokémon a saga inteira, o que foi um problema que os próprios roteiristas parecem ter reconhecido, dando mais destaque aos Pokémon mais parrudos e experientes de Ash nas batalhas definitivas no último Ginásio e na Liga.
Nas terras ocidentais, o anime continuou a cargo da 4Kids e a saga foi dividida em três fases distribuídas em quatro temporadas, sendo que cada uma delas recebeu um nome diferente (estratégia inteligente, já que isso ajudava a criar uma ideia de novidade para o público): 41 episódios ficaram na terceira temporada (Pokémon – The Johto Journeys, As Jornadas Johto), 52 na quarta temporada (Pokémon – Johto League Champions, Campeões da Liga Johto), 52 na quinta temporada (Pokémon – Master Quest, A Busca do Mestre) e 12 na sexta temporada (a conclusão de Master Quest). Assim como na saga em Kanto, um episódio acabou sendo censurado por aqui. Acompanhando esses episódios, foram lançados dois filmes para tevê e vários especiais de Natal, sendo todos deles lançados pela 4Kids por aqui, mas de formas diferentes. Outra coisa que se percebe muito em Johto é a grande influência do politicamente correto ocidental na série – algo que já começava a se evidenciar nas Ilhas Laranja: Gary, por exemplo, deixou de ser um garoto de 10 anos acompanhado de um grupo de mulheres sensuais andando por aí num carro zero, James parou de se fantasiar de mulher e em Johto, praticamente não existiram praias e mulheres de biquíni tampouco seios grandes. E apesar da região de Johto ser carregada de características da cultura japonesa nos jogos Gold & Silver algo ainda mais evidente nos remakes HeartGold & SoulSilver, no anime só algumas coisas se salvaram, como a Cidade de Ecruteak e as Irmãs Quimono.
EQUIPE DE PRODUÇÃO ORIGINAL
Produção executiva: TV Tokyo, TV Tokyo Medianet, Shogakukan Production Co. Ltd.
Criado por: Satoshi Tajiri.
Supervisor de produção: Tsunekazu Ishihara.
Roteiristas: Takeshi Shudo, Junki Takegami, Yukiyoshi Ohashi, Hideki Sonoda, Atsuhiro Tomioka, Shinzo Fujita e Shoji Yonemura.
Produtor associado: Choji Yoshikawa.
Supervisor de animação: Yoichi Kotabe.
Planejamento: Keisuke Iwata (a partir de 2000), Takashi Kawahuchi e Masakazu Kubo.
Diretor executivo: Kunihiko Yuyama.
Construção da série: Takeshi Shudo (até 2001)
Designer de personagens: Sayuri Ichiishi.
Diretor executivo de animação: Toshiya Yamada.
Animação chave: Masaaki Iwane (a partir de 2000)
Diretor de arte: Katsuyoshi Kanemura.
Coloração: Norimichi Yoshino (até 1999) e Noriyuki Yoshino (a partir de 2000)
Diretor de fotografia: Motoaki Ikegami.
Editor: Toshio Henmi.
Música: Shinji Miyazaki.
Diretor de gravação de som: Masafumi Mima.
Produtor de animação: Shukichi Kanda.
Produção de Animação: OLM.
Dirigido por: Masamitsu Hidaka.
Produtores: Makiko Iwata, Takayuki Yanagisawa e Takemoto Mori.

EQUIPE DE PRODUÇÃO AMERICANA
Produção americana: 4Kids Productions, Inc. 
Produtores executivos: Alfred R. Kahn, Norman J. Grossfeld e Tom Kenney.
Produzido por: Kathy Borland.
Diretores de dublagem: Jim Malone (3ª-4ª temporadas) e Jason Bergenfeld (4ª-5ª temporadas)
Diretores adicionais: Jason Bergenfeld (3ª temporada), Eric Stuart, Anthony Salerno (4ª temporada) e Ted Lewis (5ª temporada).
Produtores de dublagem: Larry Juris e Michael Haigney para TAJ Productions.
Chefe de produção: Michael Attanasio.
Tradução de: Paul Taylor e Raleigh Morgan (5ª temporada).

12 comentários:

  1. Mais um Trajetória *_________________________*

    Tenho sempre muita coisa pra comentar, mas pensamos muito parecido, Sir. Sempre que penso em algo, você já escreveu rs.

    Johto é uma série que não tenho vontade de ver inteira novamente. Se um dia precisar revê-la, daqui muitos anos, com certeza vou pular essa metade ruim da série. Sim, sou fã, mas não sou aqueles do tipo cego que acham que tudo é perfeito. Justamente por ser fã da franquia há anos eu assumo que em Johto estão alguns dos mais irritantes e desnecessários episódios da série. É a ovelha negra da família.
    Aliás, devo me retratar. Não são episódios ruins. Até servem para as crianças verem e se distraírem e lá lá lá, mas definitivamente não acrescentam em nada para a série, como o Sir mencionou, e nem pra minha vidinha ocupada.

    E acho muito triste, porque dava pra fazer tanta coisa bacana na série! Johto é tão rica em detalhes e novidades! Se houvesse um melhor planejamento, a série não ficaria tão desequilibrada. Quero dizer, tem mais ação no que se tornou a nossa quinta temporada do que na terceira e quarta juntas! Se a série toda fosse um barco, teria virado!

    E os personagens do dia de Kanto que reapareceram em Johto? Bem, a Duplica causou melhor impressão até na segunda abertura do anime do que em seu episódio em Johto. Aliás, sei que é comentário para o futuro, mas acho muito interessante o Ash ter reencontrado mais pessoas de Kanto em Johto do que na própria Kanto quando ele volta na nossa nona temporada, mas, anyway,

    É isso aí, não tenho muito a dizer. Os jogos desta fase foram um dos primeiros que jogay e fiquei muito triste com o que fizeram com o anime nessa "temporada". Mas ainda bem que existe Hoenn pra reanimar e reascender a vontade de me manter fiel à nossos queridos monstrinhos ^^

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    1. Bom, como alguém que tem reassistido a Liga Johto, é uma experiência interessante, mas só pq eu nunca tinha visto assim tudo certinho. Eu não tinha tevê a cabo, então dependia de tevê aberta. Como lá eles praticamente pularam a 4ª toda praticamente, depois eu tive que voltar e baixar esses pulados, mas já faz tanto tempo... que depois que BW começou eu decidi rever tudo, mas estou há mais de um ano empacado em Master Quest XDD Mas agora eu termino enfim!

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    2. Nossa, fiquei muito tempo também pra ver tudo! Estava no mesmo barco que você, Sir. Muitos episódios De Johto eu vi pela primeira vez esse ano.
      Meu grau de empolgação não ajudou nada, porque era um sacrifício assistir quando eu via que era mais um filler, então eu levei quase 2 anos e meio pra ver tudim.
      Agora, comecei Hoenn esse ano e já estou há 10 episódios de começar Battle Frontier. Essa sim dá gosto de ver ^^

      Mas não desanime; Master Quest foi o que me impulsionou pra terminar, é uma temporada tão dinâmica que quase nem dá sono. O melhor momento de Johto está do Torneio Redemoinho pro fim! Sei que vc chega lá, Sir S2

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    3. Já passei daí XDD Hoje eu vi o episodio da cantora e os irmãos Igglybuff. Um dos mais legais! =DD

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    4. Você também está assistindo Master Quest? Concordo, a 4ª temp foi horrível D: Mas Master Quest é incrível, o meu filme preferido é o de Latias e Latios. Já estou a 10 episódios do final, vi hoje o de Harrison e Sneasel.

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    5. Sim, sim =D O que tem me matado é contabilizar os erros da dublagem brasileira pq PQP SÃO MUITOS!!!!! Nossa do episódio do Phanpy ao episódio dos Xatu lá são mtos absurdos acumulados na tradução ._.

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    6. Sim. Quando eles mandam o Pokémon usar Investida eu não sei se é um Tackle, um Take Down, um Headbutt, um Double-Edge ou um não sei o quê. @_@

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  2. Muito bom, Sir. A liga Jotho prometia muito, mas infelizmente, poucos episódios se salvaram. Principalmente na quarta temporada. Foi nessa época que muitos se cansaram de assistir e a série teve que arrumar novo fôlego.

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  3. Me adiciona no 3 ds por favor! Adoro o seu trabalho.
    FC 2895-7851-7227
    Nick. : matheus

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  4. Ótima trajetória, Sir!

    Quanto a Johto... Acho que eles não tinham nenhuma 'liga laranja' em mente, então esticaram ao máximo a saga da região que é a menor nos games! (ou Kanto talvez, mas como a Liga e a Victory Road ficam em Kanto, considero ela maior) Johto tinha tanto potencial que foi mal explorado, e a maior prova disso é aquilo que foi esquecido lá na terceira temporada: a bola GS. Um dos produtores admitiu que era para o Celebi estar dentro dela, mas como ele foi parar no filme, a história que estaria no anime foi ignorada. Cara, DAVA pra ter feito as duas histórias, uma no filme e uma no anime (assim como fizeram com Lugia e tantos outros), e com certeza agitaria um pouco as coisas.

    Mas Johto tem seus pontos positivos:
    - Todos os Pokémon tinham personalidade e todos eram interessantes, e o que tinha menos personalidade foi o mais trabalhado em batalhas (Cyndaquil).
    - Os roteiristas aprenderam a separar batalhas de ginásio de histórias melosas, e Ash ganhou todas as insígnias por mérito. A única batalha que partiu pro lado sentimental ainda conseguiu ser ótima (contra o Pryce, ele teve uma história muito legal no anime!)
    - Os episódios de captura e evolução para mim foram bons, tirando os da Misty (nada contra, amo ela, mas o único episódio de alteração para o time dela que foi legal foi o do Totodile, e isso por causa do Totodile)
    - Como você ressaltou, Misty e Brock foram mais explorados. Apesar da quarta temporada ser chata, os episódios do Brock nela foram muito bons!

    Enfim, como você disse, apenas 90 episódios tiveram algo relevante, ou seja, se a saga tivesse uns 115, 120 episódios ainda continuaria de boa. Mas 158 foi demais, e esse é o grande defeito de Johto.

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    1. Até concordo com o que você postou, Anderson, mas tenho que discordar que o Cyndaquil era o Pokémon com menos personalidade. A graça dele era justamente ser preguiçoso! Acho que o pior Pokémon do Ash nessa saga foi o Noctowl. Esse sim perdeu seu brilho (shiny?). Ele entrou na série sendo um Pokémon inteligentíssimo e foi o primeiro Pokémon Shiny de verdade (sem contar aqueles de cor alternativa) que apareceu no anime! No próximo episódio após sua captura, sua participação já se resumia à de "pássaro do Ash", que só aparece para procurar coisas perdidas que ele mesmo poderia encontrar, só pra ser lembrado de vez em quando. Participação deplorável!
      O pequeno Cynda-chan continuou sendo preguiçoso, mas esforçado a série toda, mantendo seu jeitinho cativante de sempre ^^

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    2. Devemos ser gratos ao swellow e ao staraptor por pelo menos terem salavado a reputação ruim que o noctowl e o pidgeotto ganharam. Mas, o Noctowl tecnicamente teve o ginásio do Morty só pra ele e voltou com um moveset BEM melhor em Sinnoh, então, mesmo que tenha passado boa parte de Johto fazendo droga nenhuma diferente, ainda gosto da coruja.

      Um dos problemas de Johto é a equipe extremamente parada do Ash. E olha que eu gosto dos pokemon Johto, mas eles infelizmente chegaram ao final da jornada como se ainda faltasse muito a acrescentar. Ter evoluído o cyndaquil pra quilava nessa época (e não 8 anos depois), ou só ter feito o totodile evoluir até feraligatr teria feito maravilhas pela moral desse time.

      Eu acho que 90 episódios ainda é muito otimista. A maioria das batalhas de ginásio de Johto é extremamente fraca. Só dou valor às do Falkner e do Pryce, com uma menção honrosa pra Jasmine. O resto é só tosco demais de tão mal animados... reconheço que Johto ainda tem alguns fillers mais gostáveis que os próprios ginásios.

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