Pokémon: Black & White #5
Depois de nos fazer se apaixonar pela dupla Black e White, chega a ser quase um crime pedir que aceitemos vê-los separados. Mas não adianta chorar: White está em sua jornada no Metrô da Batalha, atrás da compreensão que precisa para recuperar Pipig, enquanto Black segue em frente em busca das oito Insígnias que precisa para entrar na Liga Pokémon. Porém, Hidenori Kusaka se certifica de que nenhum dos dois fique sozinho por muito tempo, então logo vemos ambos acompanhados por personagens ilustres. Enquanto White se vê diante da presença de uma dupla de Pokémon poderosíssimos e ameaçadores (Thundurus e Tornadus) ao lado de um membro da Elite dos Quatro, Black se une primeiro a Cheren e então a Clay e outros Líderes de Ginásio para enfrentar a Equipe Plasma!
Na terra e no céu
A trama que vinha sendo construída nos bastidores, envolvendo os Líderes de Ginásio e a Pedra das Trevas encontrada por Clay, finalmente se torna central quando o Chefão do Subterrâneo não só recruta o jovem Treinador para ajudar no confronto contra os Plasmas, como também o coloca a par de todos os eventos que andaram rolando e ele não sabia. É revelado que a Ponte Levadiça fora erguida numa tentativa de evitar que a Tríade das Sombras da Equipe Plasma invadisse a Cidade de Nimbasa (uma ideia não muito eficiente considerando que a cidade possui, pelo menos, outras duas rotas de entrada e saída e que, inclusive, N e outros agentes não só entraram na cidade, como também não só libertaram o prisioneiro de Black e White como ainda atacaram a garota já na edição anterior.
De fato, a decisão de Kusaka de colocar Clay à frente da missão parece muitíssimo acertada: do grupo reunido para combater os bandidos (ele, Lenora, Elesa, Burgh, Skyla e Brycen), o especialista no tipo Terrestre parece ser realmente o mais indicado para liderar, dada a sua experiência à frente da sua empreitada de mineração. Há um fator irônico aí, porém, já que em Pokémon Black & White Versions, ele solta os fanáticos presos com a ajuda de Black e Cheren diante da fala de Ghetsis sobre o interesse particular que a Equipe Plasma possuía de investir em sua cidade - afinal, como o próprio Sábio faz questão de lembrar: Clay é um empresário. Assim sendo, Kusaka não deixa de elicitar também que mesmo por trás dos gestos heroicos do Rei Minerador, há também uma preocupação de que a treta gerada pelos seguidores de N atrapalhe seus negócios. Ainda assim, vale lembrar que apesar dessa decisão, Clay é o primeiro a aparecer no confronto final contra os Plasmas no Castelo de N nos jogos.
Em termos de personalidade, o Chefão do Subterrâneo é outro Líder de Ginásio muitíssimo bem traçado, tanto no roteiro de Hidenori Kusaka, quanto na ilustração de Satoshi Yamamoto. É verdade que esse volume não marca sua estreia, haja visto que ele já aparecera em volumes anteriores e já nos dera vislumbre do seu caráter, mas não deixa de ser legal ver como sua maior participação aqui permite que vejamos traços e características mais delineados. Seu pavio curto rende alguns momentos engraçados, como seu estresse diante da atitude menos urgente dos seus colegas Líderes de Ginásio, em especial Skyla, e da ofensa não-intencional de Black. Além disso, sua batalha contra o jovem Treinador sonhador se tornou outra das minhas favoritas.
Em termos de estratégia, não fica fácil contestar que ele é o mais inteligente que vimos até agora em Unova. Seus Pokémon são usados de forma muito hábil, aproveitando as características específicas de cada um: a habilidade de Cavar rapidamente e se defender de Excadrill, a poderosa e elástica língua de Palpitoad e os olhos capazes de enxergar no escuro de Krokorok.
Felizmente, o desafiante não fica para trás. Se nos primeiros Ginásios parecia que ele estava muito abaixo do nível dos desafios que encarava, o jogo sem dúvida virou. Este volume, em especial, foca em alguns desenvolvimentos cruciais para Black: o vemos treinar, junto de Cheren, na Casa de Tutores, o que lhe permite ensinar a seu Pignite o Pilar de Fogo (Fire Pledge) e nos mostra o primeiro combo dos ataques Pilares dos jogos Pokémon Black & White Versions (a propósito, o anime chegou a mostrar esses combos em Best Wishes!?). Seu maior desenvolvimento, porém, é sua relação com o Tirtouga Costa.
Logo após sua captura, nos fora revelado que o Pokémon Protartaruga pertencera ao Elite dos Quatro Marshal, que falhara em domá-lo. Grande parte deste volume 5 de Pokémon: Black & White lida com as dificuldades que o próprio Black tem para se ajustar ao seu novo Pokémon e Kusaka usa isso de forma muito bacana: primeiro, é legal ver Tirtouga sendo tratado como um Pokémon ancião, sendo reconhecido como tal até mesmo pelos seus pares. Isso também dá um novo sentido ao seu semblante aparentemente entediado de quem não tem paciência com quem tá começando - ainda que, de fato, ele não tenha mesmo.
O Pokémon também protagoniza outros diversos momentos ótimos neste volume: é engraçado vê-lo nadando para longe de Black, aparentemente tentando fugir, durante uma frustrada tentativa de treinamento e é ótima a forma como Clay inicialmente deduz que Tirtouga seja o Pokémon principal de Black pela forma como este o carrega no colo assim que entra na arena - o que, na verdade, se trata simplesmente de o impulsivo Treinador não tirar uns minutinhos para recolher seu Pokémon tamanho seu entusiasmo de saber que o Líder de Ginásio finalmente aceitou seu desafio -, mas depois se sente ofendido ao descobrir que Black e Costa ainda não tinham uma relação muito boa, acreditando que o Treinador o estivesse subestimando.
Tirtouga também assume papel central em ambos os Ginásios desafiados por Black nesta edição, mas de formas diferentes. Em Driftveil, ele demonstra ter grande poder ao causar dano considerável ao Krokorok de Clay logo que entra em cena, aproveitando-se da vantagem proporcionada pelos seus ataques do tipo Água. Porém, a grande genialidade aqui está na forma como Black e Tirtouga conseguem derrotar Krokorok na escuridão - se o imprevisto no Ginásio de Nimbasa adicionava um elemento de novidade tanto para Elesa quanto para Black, aqui Clay domina a situação. A ideia que Black tem de entrar na arena e se colocar como uma isca para distrair Krokorok, permitindo assim que seu Pokémon conseguisse derrubá-lo usando a voz do Treinador como guia para saber aonde mirar é simplesmente genial e uma dos usos mais criativos que Kusaka fez da maior liberdade que o mangá possui sobre o anime. Já em Mistralton, além de sua força ajudar na derrota de mais um Pokémon (Swanna), sua recusa em levar a luta contra Skyla a sério é a peça-chave para que Black entenda que o seu medo de não conseguir enfrentar a Liga Pokémon por causa das maquinações da Equipe Plasma está atrapalhando sua performance como Treinador e abalando suas motivações.
Falando em Mistralton, não dá pra não falar da Líder local: Skyla. É verdade que eu nunca gostei muito dela desde sua artwork original. A Garota dos Céus sempre me pareceu uma versão feminina sexualizada e bizarra do Astro Boy com aquela expressão superinfantilizada estilo Bianca (ausente também nesta edição: será que eles vão deixar passar mesmo a história dela com o pai?) e essa roupa esquisita. Enquanto Yamamoto consegue fazer melhorias no rosto da personagem, dando-lhe expressões e feições que combinam com sua idade e a seriedade esperada de uma Líder de Ginásio, não ajuda nada que ele tenha desenhado o short ainda mais justo e curto - em vários momentos fica a impressão de que ele está apertando a virilha da menina! Além disso, o tratamento que Kusaka deu à personagem em termos de personalidade também não foi dos melhores.
Nos jogos, Skyla não é uma das Líderes que mais se destaca porque aparece relativamente menos que seus colegas - talvez ela só tenha mais destaque que os trigêmeos ou Brycen. O que dá pra notar é que ela é gentil, solícita e tem uma visão excelente, além de ser uma pessoa muito generosa, ao decidir adiar a batalha de Ginásio até para depois de ser capaz de curar um Pokémon doente no topo da Torre Celestial. Enquanto Kusaka até retrata esses momentos no mangá - estão lá a ida à Torre Celestial para salvar um Pokémon (um Pidove) e o pedido para que o jogador toque o sino, por exemplo -, a Skyla do mangá não parece uma pessoa sensata.
Pra começar, chega a ser absurda a forma como ela quase arruína toda a operação de defender a Pedra das Trevas em Nacrene só para realizar uma série de testes para checar a pureza do coração de Black. A descrição que Elesa faz dela, sobre como ela é uma garota "pura" e aparentemente exigir isso também de outros Treinadores, passa a ideia de uma pessoa intolerante e fanática, algo confirmado pelas ações da garota, como o fato de ela enviar os desafiantes que perdem para ela de volta para suas casas. Enquanto é até compreensível que Kusaka esteja dando este tratamento à personagem, baseando-se, provavelmente, na proximidade da Torre Celestial com Mistralton e no fato de que uma Líder que faz seus desafiantes serem arremessados por canhões dificilmente ser alguém com bom senso, ela acabou se tornando alguém extremamente egocêntrico e desagradável.
Além disso, sua batalha de Ginásio com Black chega a ser anticlimática depois dos excelentes desafios contra Clay e Elesa. A trama foca demais em descobrir o que há de impuro no coração do Treinador e faltam estratégias ou ideias bacanas para vencer. Eu diria que o único momento realmente legal é ver Pignite usando Choque de Calor (Heat Crash) - um dos meus ataques de Fogo favoritos nos jogos - para derrotar Swoobat.
E para fechar o ciclo de Líderes de Ginásio desta edição, somos apresentados a Brycen, o Líder de Ginásio de Icirrus. Ele revela ser alguém bem reservado e de poucas palavras (o que chega a ser irônico sabendo que ele é um ator) - é engraçado ver seus colegas todos verborrágicos em suas apresentações e ele só no silêncio -, mas é dele uma das minhas falas favoritas deste volume. Diante da preocupação de Clay de que Skyla possa arruinar tudo, ele meramente responde dizendo "Paciência. Se falharmos… é porque o plano era ruim", deixando o Chefão do Subterrâneo ainda mais irado!
O apanhador no campo de centeio
Com a separação de Black e White, a garota acabou ficando com a parte menor desta vez: tudo o que temos dela é um capítulo, e felizmente, um dos bons! É legal ver como a garota já conseguiu se aproximar de sua Deerling - apelidada carinhosamente de Dri (Darlene na versão americana e Jessica no original) -, sendo confiante o bastante para ordená-la em batalhas. Além disso, Servine continua ali servindo como uma espécie de protetora da garota, embora ambas visualmente ainda não se entendam. Além disso, é ótimo ver como a própria White está definitivamente mais determinada em conseguir o que quer.
Também descobrimos mais sobre como funciona o Metrô da Batalha, com desafios a Treinadores virtuais (o que me fez ponderar se nos jogos aqueles oponentes que enfrentamos nas Torres/Fronteiras/Metrôs de Batalha da vida também são virtuais dentro da trama do próprio jogo - porque eu sempre os via como pessoas mesmo, que também estavam desafiando o local. E os Pokémon? São virtuais também ou reais? Quem os treina?) e restrições de nível (apesar de ter Bravy consigo, White não pode usá-lo porque ele é acima demais do nível permitido, o que é bom porque permite que todo crescimento da garota seja por mérito próprio e de seus Pokémon).
E se Black enfrenta os Líderes de Ginásio e a Equipe Plasma, como já é de praxe, White acaba se deparando com uma dupla de Pokémon lendários! Tornadus e Thundurus chegam tão aleatoriamente quanto sua própria existência, se estapeando e causando destruição gratuita. A cena é belíssima graças à arte de Yamamoto, que consegue deixar o momento bastante épico, com os efeitos de chuva, ventania e raios mesclados sendo ilustrados de forma sensacional. Além disso, ver White, a menina que antes se recolhia atrás de Black enquanto este lutava contra N, correndo para o epicentro do conflito e se arriscando em meio a toda a tormenta somente para proteger o metrô e os campos de plantação que ali estavam apenas mostra o quanto a jovem cresceu!
É neste mesmo capítulo que Yamamoto nos introduz à terceira membro da Elite dos Quatro de Unova: Shauntal. Se nos jogos, tanto sua aparência quanto sua sala de batalha me passavam a impressão de ela ser alguém sombria, meio gótica e solitária, Kusaka segue o mesmo estilo de tratamento que dera a Grimsley, conferindo à poderosa Treinadora imenso carisma e personalidade. A remoção daquela enorme gola também ajudou a dar mais leveza aos movimentos da personagem - assim como uma oportunidade para Satoshi Yamamoto explorar bastante o decote da personagem. Suas interações com White são todas ótimas e é legal ver seu lado escritora ganhando tanto destaque quanto nos jogos. Temos até mesmo a referência a Volkner! O roteirista também tem é genial na forma como destaca outras qualidade dos membros da Elite dos Quatro que não sejam suas habilidades de batalha.
Se Grimsley era extremamente engenhoso, Shauntal surge igualmente inteligente e observadora. Ao contrário de White, ela não age imediatamente após o confronto lendário começar e usa todo o conhecimento que possui - e este parece ser particularmente vasto - sobre Thundurus e Tornadus para fazer o movimento certo e preciso, convocando Landorus para parar o caos. Chega a ser engraçado ver o Pokémon Abundância surgindo dos céus todo imponente e então puxando seus subordinados pelo pescoço. Shauntal é também observadora o bastante para notar as três Pokébolas que vão de encontro ao trio lendário e parece capturá-los. Pela minha experiência não-tão-vasta-assim em Pokémon Special, esse tipo de captura nunca tem um resultado muito positivo.
Enquanto é verdade que esta quinta edição de Pokémon: Black & White não chegou a superar toda a emoção contida no quarto volume, não dá pra negar que tivemos alguns grandes momentos e desenvolvimentos excelentes para a série. Ambos Black e White mostraram progressos, assim como a própria trama envolvendo a Equipe Plasma e seus objetivos obscuros avançou bastante. O mais legal é que à medida que progride, a fase Black & White da obra de Hidenori Kusaka vai se distanciando do material fonte, se expandindo e criando algo único, ainda mais coeso e cheio de emoções que o original. Há mais uma colisão a caminho: Líderes de Ginásio VS Equipe Plasma! Eu mal posso esperar!
Considerações finais:
Na terra e no céu
A trama que vinha sendo construída nos bastidores, envolvendo os Líderes de Ginásio e a Pedra das Trevas encontrada por Clay, finalmente se torna central quando o Chefão do Subterrâneo não só recruta o jovem Treinador para ajudar no confronto contra os Plasmas, como também o coloca a par de todos os eventos que andaram rolando e ele não sabia. É revelado que a Ponte Levadiça fora erguida numa tentativa de evitar que a Tríade das Sombras da Equipe Plasma invadisse a Cidade de Nimbasa (uma ideia não muito eficiente considerando que a cidade possui, pelo menos, outras duas rotas de entrada e saída e que, inclusive, N e outros agentes não só entraram na cidade, como também não só libertaram o prisioneiro de Black e White como ainda atacaram a garota já na edição anterior.
De fato, a decisão de Kusaka de colocar Clay à frente da missão parece muitíssimo acertada: do grupo reunido para combater os bandidos (ele, Lenora, Elesa, Burgh, Skyla e Brycen), o especialista no tipo Terrestre parece ser realmente o mais indicado para liderar, dada a sua experiência à frente da sua empreitada de mineração. Há um fator irônico aí, porém, já que em Pokémon Black & White Versions, ele solta os fanáticos presos com a ajuda de Black e Cheren diante da fala de Ghetsis sobre o interesse particular que a Equipe Plasma possuía de investir em sua cidade - afinal, como o próprio Sábio faz questão de lembrar: Clay é um empresário. Assim sendo, Kusaka não deixa de elicitar também que mesmo por trás dos gestos heroicos do Rei Minerador, há também uma preocupação de que a treta gerada pelos seguidores de N atrapalhe seus negócios. Ainda assim, vale lembrar que apesar dessa decisão, Clay é o primeiro a aparecer no confronto final contra os Plasmas no Castelo de N nos jogos.
Em termos de personalidade, o Chefão do Subterrâneo é outro Líder de Ginásio muitíssimo bem traçado, tanto no roteiro de Hidenori Kusaka, quanto na ilustração de Satoshi Yamamoto. É verdade que esse volume não marca sua estreia, haja visto que ele já aparecera em volumes anteriores e já nos dera vislumbre do seu caráter, mas não deixa de ser legal ver como sua maior participação aqui permite que vejamos traços e características mais delineados. Seu pavio curto rende alguns momentos engraçados, como seu estresse diante da atitude menos urgente dos seus colegas Líderes de Ginásio, em especial Skyla, e da ofensa não-intencional de Black. Além disso, sua batalha contra o jovem Treinador sonhador se tornou outra das minhas favoritas.
Em termos de estratégia, não fica fácil contestar que ele é o mais inteligente que vimos até agora em Unova. Seus Pokémon são usados de forma muito hábil, aproveitando as características específicas de cada um: a habilidade de Cavar rapidamente e se defender de Excadrill, a poderosa e elástica língua de Palpitoad e os olhos capazes de enxergar no escuro de Krokorok.
Felizmente, o desafiante não fica para trás. Se nos primeiros Ginásios parecia que ele estava muito abaixo do nível dos desafios que encarava, o jogo sem dúvida virou. Este volume, em especial, foca em alguns desenvolvimentos cruciais para Black: o vemos treinar, junto de Cheren, na Casa de Tutores, o que lhe permite ensinar a seu Pignite o Pilar de Fogo (Fire Pledge) e nos mostra o primeiro combo dos ataques Pilares dos jogos Pokémon Black & White Versions (a propósito, o anime chegou a mostrar esses combos em Best Wishes!?). Seu maior desenvolvimento, porém, é sua relação com o Tirtouga Costa.
Logo após sua captura, nos fora revelado que o Pokémon Protartaruga pertencera ao Elite dos Quatro Marshal, que falhara em domá-lo. Grande parte deste volume 5 de Pokémon: Black & White lida com as dificuldades que o próprio Black tem para se ajustar ao seu novo Pokémon e Kusaka usa isso de forma muito bacana: primeiro, é legal ver Tirtouga sendo tratado como um Pokémon ancião, sendo reconhecido como tal até mesmo pelos seus pares. Isso também dá um novo sentido ao seu semblante aparentemente entediado de quem não tem paciência com quem tá começando - ainda que, de fato, ele não tenha mesmo.
O Pokémon também protagoniza outros diversos momentos ótimos neste volume: é engraçado vê-lo nadando para longe de Black, aparentemente tentando fugir, durante uma frustrada tentativa de treinamento e é ótima a forma como Clay inicialmente deduz que Tirtouga seja o Pokémon principal de Black pela forma como este o carrega no colo assim que entra na arena - o que, na verdade, se trata simplesmente de o impulsivo Treinador não tirar uns minutinhos para recolher seu Pokémon tamanho seu entusiasmo de saber que o Líder de Ginásio finalmente aceitou seu desafio -, mas depois se sente ofendido ao descobrir que Black e Costa ainda não tinham uma relação muito boa, acreditando que o Treinador o estivesse subestimando.
Tirtouga também assume papel central em ambos os Ginásios desafiados por Black nesta edição, mas de formas diferentes. Em Driftveil, ele demonstra ter grande poder ao causar dano considerável ao Krokorok de Clay logo que entra em cena, aproveitando-se da vantagem proporcionada pelos seus ataques do tipo Água. Porém, a grande genialidade aqui está na forma como Black e Tirtouga conseguem derrotar Krokorok na escuridão - se o imprevisto no Ginásio de Nimbasa adicionava um elemento de novidade tanto para Elesa quanto para Black, aqui Clay domina a situação. A ideia que Black tem de entrar na arena e se colocar como uma isca para distrair Krokorok, permitindo assim que seu Pokémon conseguisse derrubá-lo usando a voz do Treinador como guia para saber aonde mirar é simplesmente genial e uma dos usos mais criativos que Kusaka fez da maior liberdade que o mangá possui sobre o anime. Já em Mistralton, além de sua força ajudar na derrota de mais um Pokémon (Swanna), sua recusa em levar a luta contra Skyla a sério é a peça-chave para que Black entenda que o seu medo de não conseguir enfrentar a Liga Pokémon por causa das maquinações da Equipe Plasma está atrapalhando sua performance como Treinador e abalando suas motivações.
Falando em Mistralton, não dá pra não falar da Líder local: Skyla. É verdade que eu nunca gostei muito dela desde sua artwork original. A Garota dos Céus sempre me pareceu uma versão feminina sexualizada e bizarra do Astro Boy com aquela expressão superinfantilizada estilo Bianca (ausente também nesta edição: será que eles vão deixar passar mesmo a história dela com o pai?) e essa roupa esquisita. Enquanto Yamamoto consegue fazer melhorias no rosto da personagem, dando-lhe expressões e feições que combinam com sua idade e a seriedade esperada de uma Líder de Ginásio, não ajuda nada que ele tenha desenhado o short ainda mais justo e curto - em vários momentos fica a impressão de que ele está apertando a virilha da menina! Além disso, o tratamento que Kusaka deu à personagem em termos de personalidade também não foi dos melhores.
Nos jogos, Skyla não é uma das Líderes que mais se destaca porque aparece relativamente menos que seus colegas - talvez ela só tenha mais destaque que os trigêmeos ou Brycen. O que dá pra notar é que ela é gentil, solícita e tem uma visão excelente, além de ser uma pessoa muito generosa, ao decidir adiar a batalha de Ginásio até para depois de ser capaz de curar um Pokémon doente no topo da Torre Celestial. Enquanto Kusaka até retrata esses momentos no mangá - estão lá a ida à Torre Celestial para salvar um Pokémon (um Pidove) e o pedido para que o jogador toque o sino, por exemplo -, a Skyla do mangá não parece uma pessoa sensata.
Pra começar, chega a ser absurda a forma como ela quase arruína toda a operação de defender a Pedra das Trevas em Nacrene só para realizar uma série de testes para checar a pureza do coração de Black. A descrição que Elesa faz dela, sobre como ela é uma garota "pura" e aparentemente exigir isso também de outros Treinadores, passa a ideia de uma pessoa intolerante e fanática, algo confirmado pelas ações da garota, como o fato de ela enviar os desafiantes que perdem para ela de volta para suas casas. Enquanto é até compreensível que Kusaka esteja dando este tratamento à personagem, baseando-se, provavelmente, na proximidade da Torre Celestial com Mistralton e no fato de que uma Líder que faz seus desafiantes serem arremessados por canhões dificilmente ser alguém com bom senso, ela acabou se tornando alguém extremamente egocêntrico e desagradável.
Além disso, sua batalha de Ginásio com Black chega a ser anticlimática depois dos excelentes desafios contra Clay e Elesa. A trama foca demais em descobrir o que há de impuro no coração do Treinador e faltam estratégias ou ideias bacanas para vencer. Eu diria que o único momento realmente legal é ver Pignite usando Choque de Calor (Heat Crash) - um dos meus ataques de Fogo favoritos nos jogos - para derrotar Swoobat.
E para fechar o ciclo de Líderes de Ginásio desta edição, somos apresentados a Brycen, o Líder de Ginásio de Icirrus. Ele revela ser alguém bem reservado e de poucas palavras (o que chega a ser irônico sabendo que ele é um ator) - é engraçado ver seus colegas todos verborrágicos em suas apresentações e ele só no silêncio -, mas é dele uma das minhas falas favoritas deste volume. Diante da preocupação de Clay de que Skyla possa arruinar tudo, ele meramente responde dizendo "Paciência. Se falharmos… é porque o plano era ruim", deixando o Chefão do Subterrâneo ainda mais irado!
O apanhador no campo de centeio
Com a separação de Black e White, a garota acabou ficando com a parte menor desta vez: tudo o que temos dela é um capítulo, e felizmente, um dos bons! É legal ver como a garota já conseguiu se aproximar de sua Deerling - apelidada carinhosamente de Dri (Darlene na versão americana e Jessica no original) -, sendo confiante o bastante para ordená-la em batalhas. Além disso, Servine continua ali servindo como uma espécie de protetora da garota, embora ambas visualmente ainda não se entendam. Além disso, é ótimo ver como a própria White está definitivamente mais determinada em conseguir o que quer.
Também descobrimos mais sobre como funciona o Metrô da Batalha, com desafios a Treinadores virtuais (o que me fez ponderar se nos jogos aqueles oponentes que enfrentamos nas Torres/Fronteiras/Metrôs de Batalha da vida também são virtuais dentro da trama do próprio jogo - porque eu sempre os via como pessoas mesmo, que também estavam desafiando o local. E os Pokémon? São virtuais também ou reais? Quem os treina?) e restrições de nível (apesar de ter Bravy consigo, White não pode usá-lo porque ele é acima demais do nível permitido, o que é bom porque permite que todo crescimento da garota seja por mérito próprio e de seus Pokémon).
E se Black enfrenta os Líderes de Ginásio e a Equipe Plasma, como já é de praxe, White acaba se deparando com uma dupla de Pokémon lendários! Tornadus e Thundurus chegam tão aleatoriamente quanto sua própria existência, se estapeando e causando destruição gratuita. A cena é belíssima graças à arte de Yamamoto, que consegue deixar o momento bastante épico, com os efeitos de chuva, ventania e raios mesclados sendo ilustrados de forma sensacional. Além disso, ver White, a menina que antes se recolhia atrás de Black enquanto este lutava contra N, correndo para o epicentro do conflito e se arriscando em meio a toda a tormenta somente para proteger o metrô e os campos de plantação que ali estavam apenas mostra o quanto a jovem cresceu!
É neste mesmo capítulo que Yamamoto nos introduz à terceira membro da Elite dos Quatro de Unova: Shauntal. Se nos jogos, tanto sua aparência quanto sua sala de batalha me passavam a impressão de ela ser alguém sombria, meio gótica e solitária, Kusaka segue o mesmo estilo de tratamento que dera a Grimsley, conferindo à poderosa Treinadora imenso carisma e personalidade. A remoção daquela enorme gola também ajudou a dar mais leveza aos movimentos da personagem - assim como uma oportunidade para Satoshi Yamamoto explorar bastante o decote da personagem. Suas interações com White são todas ótimas e é legal ver seu lado escritora ganhando tanto destaque quanto nos jogos. Temos até mesmo a referência a Volkner! O roteirista também tem é genial na forma como destaca outras qualidade dos membros da Elite dos Quatro que não sejam suas habilidades de batalha.
Se Grimsley era extremamente engenhoso, Shauntal surge igualmente inteligente e observadora. Ao contrário de White, ela não age imediatamente após o confronto lendário começar e usa todo o conhecimento que possui - e este parece ser particularmente vasto - sobre Thundurus e Tornadus para fazer o movimento certo e preciso, convocando Landorus para parar o caos. Chega a ser engraçado ver o Pokémon Abundância surgindo dos céus todo imponente e então puxando seus subordinados pelo pescoço. Shauntal é também observadora o bastante para notar as três Pokébolas que vão de encontro ao trio lendário e parece capturá-los. Pela minha experiência não-tão-vasta-assim em Pokémon Special, esse tipo de captura nunca tem um resultado muito positivo.
Enquanto é verdade que esta quinta edição de Pokémon: Black & White não chegou a superar toda a emoção contida no quarto volume, não dá pra negar que tivemos alguns grandes momentos e desenvolvimentos excelentes para a série. Ambos Black e White mostraram progressos, assim como a própria trama envolvendo a Equipe Plasma e seus objetivos obscuros avançou bastante. O mais legal é que à medida que progride, a fase Black & White da obra de Hidenori Kusaka vai se distanciando do material fonte, se expandindo e criando algo único, ainda mais coeso e cheio de emoções que o original. Há mais uma colisão a caminho: Líderes de Ginásio VS Equipe Plasma! Eu mal posso esperar!
Considerações finais:
- Uau, este charithought demorou pra sair por diversas razões: apesar de já ter o mangá em mãos desde antes de maio realmente começar - este volume acabou saindo antes do esperado, sendo lançado dia 29 de abril -, eu adiei o texto para focar mais na "fase Goomy" do anime da qual eu queria me livrar logo. Porém, eu tive um mês de junho muito mais movimentado do que eu esperava e o blog acabou ficando negligenciado. Julho minha carga de trabalho diminui (embora nem tanto assim), então com alguma sorte eu posso acelerar um pouco as coisas. A propósito, Pokémon: Black & White #6 já está oficialmente nas bancas brasileiras, então vá buscar o seu;
- Este volume do mangá começou com mais um capítulo do Zorua aprontão que pareceu super filler, mas acabou tendo alguns desdobramentos legais no fim das contas. Agora, eu só acho que o pequenino realmente passou dos limites: ele quase matou o Black! Que isso!
- Adoro o comentário da White sobre como Ingo e Emmet parecerem robôs. Eu nunca fui muito fã desses personagens também justamente por causa do design estranho deles, mas tenho que admitir que até estou achando eles mais legais lendo o mangá;
- Pidove e sua linha evolutiva ganharam bastante atenção neste volume: tivemos o Pidove de Cheren evoluindo para Tranquill e depois Skyla salvando um na Torre Celestial e ainda a Unfezant da Líder de Ginásio;
- Eu gosto muito do confronto na Câmara Frigorífera, especialmente da estratégia que Black usa para derrubar os espelhos de gelo dos Plasmas. Porém a ideia que Cheren dá para derrubar os vilões usando o Choque de Gelo (Icicle Crash) de seus próprios Beartic foi boa, mas não pareceu levar em conta que também poderia afetar o Tranquill do Treinador, que estava em posse dos fanáticos. Tranquill, de fato, escapa sem nenhum arranhão, mas ainda assim não me pareceu que eles realmente tinham uma ideia para livrá-lo sem feri-lo;
- Falando em Cheren, enquanto eu acho sua personalidade no mangá muito mais agradável que nos jogos, isso também fez com que ele se tornasse um Treinador notavelmente menos habilidoso. Porém, ao final de sua participação aqui, ele parece estar na direção certa para crescer também. Aliás, sempre vou amar como ele joga na cara de Black que gastou os primeiros dias (ou semanas?) de sua jornada correndo atrás do rapaz impulsivo. Eu realmente estou curioso pra ver em qual caminho Kusaka o colocará, especialmente considerando seu status em Pokémon Black & White Versions 2;
- A travessia de Driftveil para Mistralton é tão rápida que o mangá nem faz uma pausa na Caverna da Rocha Elétrica (Chargestone Cave), um dos meus lugares favoritos dos jogos. Ainda assim, há um pequeno quadrinho que eu adorei porque em tão pouco espaço reproduz tantas características marcantes do local: os Joltik pregados à parede, as rochas magnéticas, um Ferroseed enterrado nas paredes das cavernas. Outro cenário dos jogos brevemente, mas muito bem representado é a Rota 7: é lindinho ver Black atravessando as passarelas enquanto Clay atravessa no meio da grama alta mesmo;
- Cress, Chili e Cilan também partem para Nacrene, mas até o final do volume… eles não chegam. Aliás, isso parece que indicar que todo este momento de ataque dos Líderes de Ginásio já é a versão mangá do confronto que só ocorre no Castelo N nos jogos, logo é possível que os trigêmeos não cheguem a tempo a seu destino…
- Não sei qual é o problema das adaptações de Pokémon ou se a intenção era realmente enganar, mas acabei de lembrar que a Skyla do anime também era bem extremista e egocêntrica…
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