GUIA DE BATALHAS - ASH E PIKACHU


domingo, 30 de novembro de 2014

Sir Charithoughts: Pokémon XY048

XY048/ Episódio 852 – O Campus de Lembranças de Clemont! Uma Reunião Eletrizante!! 


Eu sempre gostei muito de animais. Eu era uma daquelas crianças que fazia carinho nos cachorros de rua e quando aparecia um gatinho faminto e minha mãe não deixava eu levar ele pra casa – porque a gente já tinha animais de estimação demais – eu pega comida de casa e levava pra ele só pra ele ter alguma coisinha pra mordiscar e ficar de barriguinha cheia. Meu sonho de infância era ter uma casa bem grande onde eu pudesse abrigar todos os bichinhos de rua que encontrava – e em escala bem menor, eu ainda tenho essa vontade sempre que encontro algum animalzinho abandonado. Não é à toa que Pokémon me conquistou. O primeiro que realmente me atraiu para o anime foi “A Poké-Corrida”, cheio de criaturas que lembravam muito animais e pessoas que se relacionavam com eles de forma muito especial. Tinha um cachorrinho fofo que soltava fogo e um cavalinho lindo que virava um unicórnio mais lindo ainda e também soltava fogo. E a dona deles era uma moça adorável que quebra o braço, então o protagonista tinha que montar o cavalinho de fogo e fazer amizade com ele. Também tinha a histórias de abandono de Bulbasaur, Charmander e Squirtle. Como não amar?
A relação entre humanos e Pokémon foi um dos principais temas dos jogos Pokémon X & Y - a Mega Evolução nasce de um forte vínculo entre humano e Treinador, a história de AZ e Floette, a inclusão do Pokémon-Amie, entre outras coisas - e se o anime sempre trabalhou bem essa relação, eles não podiam fazer um trabalho inferior justamente na série referente a esses games. Logo, não é coincidência alguma que as capturas desta saga estejam tão atreladas a essa criação de vínculos. Episódio passado, vimos Serena conquistando Pancham e agora é a vez de Clemont reconquistar um velho amigo. Entretanto, o que diferencia "O Campus de Lembranças de Clemont! Uma Reunião Eletrizante!!" de seu predecessor em termos de temática, é que - como o próprio título denuncia - trata-se de um reencontro. Descobrimos aqui que, anos antes de se tornar o Líder do Ginásio de Lumiose, Clemont estudou numa academia Pokémon especializada em Pokémon Elétricos e conheceu um adorável Shinx.
Para um fã do irmão limão como eu, este episódio é um prato cheio de alegria e emoção! O Líder de Lumiose está mais amável do que nunca. Através de flashbacks, o roteirista Shinzo Fujita (Mega Lucario VS Mega Mawile! O Vínculo da Mega Evolução!!) nos revela mais um pouco do passado do rapaz antes de se juntar a Ash. Se Bonnie é a representação mais próxima que Pokémon já fez do que se realmente espera do comportamento de uma criança, com seu jeitinho todo fofinho, suas pirracinhas e soninhos e tal, Clemont já segue um estilo mais miniadulto prodígio. Apesar da tenra idade, ele já era um gênio precoce, capaz de fazer invenções incríveis e conseguindo se formar na academia antes dos 10 anos(!!!!). Ainda assim, os animadores do episódio e o dublador do personagem conseguem conferir ao pequeno Clemont um jeitinho bem particular que o diferenciam do rapaz crescido que é hoje.
O jovem inventor tem sido meu personagem preferido desta nova série desde que ela começou e um dos principais motivos para isso é a forma como os roteiristas o levam a sério e equilibram suas características de forma que ele não pode ser jogado em nenhuma categoria específica. Ele tem seu momento de alívio cômico com invenções explodindo aqui e corrida desengonçada, mas sua genialidade também está ali, mesmo nas falhas, e em sucessos como o Braço de Aipom, o Clembot e os Chuveiros Clemônticos, apresentados neste episódio. Além disso, seu talento como Treinador é mostrado vez ou outra em batalhas e ele também possui uma humanidade incrível, um coração imenso e uma grande humildade para questionar suas próprias ações e se autoavaliar, qualidades que eu valorizo demais e que este episódio só vem mais uma vez comprovar.
Sua relação com o Shinx é um exemplo perfeito do quão humano e sensível ele é em relação aos outros. O afeto que ele desenvolve com o Pokémon Clarão reflete muito aquela amizade sincera que crianças conseguem desenvolver com animais - especialmente crianças introspectivas, como Clemont aparenta ser. Shinx foi literalmente aquele animalzinho de rua que a criança encontrou na rua e cuidou, mas não pôde levar para casa. O que minha experiência me ensinou é em que situações assim sempre há dois coraçõezinhos partidos. Do pequeno animal, que tem sua esperança de um lar carinhoso arrancada - eu parei de fazer carinho em animais de rua porque não suporto a tristeza que é eles querendo me seguir e eu não podendo lhes dar mais atenção - e o da criança, que lamenta não poder fazer nada pelo bichinho.
E é isso o que Fujita nos mostra com Shinx e Clemont. A ceninha linda do jovem inventor levando um bolinho todo especial para o Pokémon, cheio de alegrias e esperanças de repente se transforma e encaramos um Clemont triste dentro do carro por saber que não vai poder encontrar seu amiguinho e um Shinx, com os olhos cheios de empolgação, esperando o seu amiguinho, que sabemos que nunca vai chegar. Já pensou se ele fosse um Charmander da vida e ficasse ali esperando Clemont voltar faça chuva, faça sol? A grande decepção que o Pokémon pode ter sentido desse sentimento de abandono da parte daquela que provavelmente deve ter sido a pessoa mais especial pra ele é bastante coerente. Já o jovem inventor teve que carregar a culpa e a tristeza de ter abandonado seu amigo - ainda que ele não possa ser inteiramente culpado por isso. A cena ainda ganha força dramática graças ao tema de "AZ", uma das mais belas BGMs de Pokémon, que faz parte da trilha sonora dos jogos Pokémon X & Y.
Por esse prisma, é interessante pensar que de certa forma, Clemont é o primeiro protagonista responsável pelo abandono  de um Pokémon, ao contrário da trama recorrente de se acolher Pokémon abandonados, tão comum para Ash - bom, a não ser que você considere um Pidgeot cuja promessa de retorno continua há mais 700 episódios sem ser cumprida. É particularmente bacana a forma como Fujita coloca Clemont para omitir o "abandono" de Shinx de suas lembranças da academia (inclusive o fato de nunca tê-lo mencionado para Bonnie) e não relatar o ocorrido até a ideia de estar diante do tal Pokémon novamente finalmente surgir com o aparecimento de Luxio, pois tudo isso fortalece o sentimento de culpa que ele ainda carrega. A própria decisão do jovem inventor de se colocar na mesma situação de Luxio ao não exigir do Pokémon uma resposta imediata sobre o convite de se juntar a ele em sua jornada, mas se colocar passivo de um possível abandono também e se conformar com essa possibilidade também é um reflexo da culpa que ele ainda sente.
E se Pokémon tem sua fama por arrancar lágrimas de marmanjos com episódios de despedida, alguém certamente deveria começar a contabilizar episódios de reencontro na lista porque este aqui mexeu seriamente com meus canais lacrimais, ao menos mais de uma vez - inclusive quando o assisti pela segunda vez. Um dos meus momentos favoritos é no confronto contra a Equipe Rocket, quando Luxio explica porque continua lutando. A forma como o diálogo é entregue é bem expositiva, com a conveniente tradução de Meowth, mas é muito emocionante ver Luxio usando o discurso de Clemont. Especialmente pela informação extra que nos dá pela escolha dele de usar a frase no presente. Pra ele, aquela cidadezinha já é o sonho de Clemont tornado realidade, já é o local aonde Pokémon - especialmente os Elétricos como ele - podem ser felizes.
Pra ele, aquela é uma cidade onde todos os Pokémon podem aproveitar a vida porque um dia um menininho o ajudou num momento de muita dificuldade, e cuidou dele e decidiu que não queria mais permitir que nenhum dos Pokémon Elétricos daquela área sofressem com as descargas elétricas típicas daquela região. Luxio nunca esqueceu que a maior ambição de um pequeno ser humano foi fazer os Pokémon felizes. Mesmo diante da perspectiva do abandono, Luxio sentiu-se grato pela ajuda que ele lhe deu e a todos os Pokémon da região, acreditou nas palavras de seu velho amigo e carregou-as consigo. Sério, isso é lindo demais e só de lembrar os olhos enchem d'água.
Com lágrimas enxugadas, falemos de outros aspectos do episódio. Eu sempre gosto muito de saber um pouco mais do passado dos protagonistas. É legal ter um flashback pra mostrar como Brock ganhou seu Onix, ou até mesmo uma série deles explicando como foi que Íris pegou seu Excadrill e ganhou seu Axew. Episódios assim são ótimos para lançarem mais luzes sobre os personagens que acompanhamos e os enriquecem. No caso de Clemont, saber que ele frequentou uma academia focada no desenvolvimento de diferentes tecnologias e em Pokémon Elétricos, é ótimo para explicar o Ginásio de Lumiose ser como é hoje. O episódio traz alguns detalhes bacanas também como o fato de que o rapaz foi encorajado a ir para a escola pelo seu pai Meyer (Limone era um nome tão mais legal T-T) - para prepará-lo para o Ginásio ou porque acreditava realmente no potencial de seu filho para as invenções? - e o fato de que Clemont falava com frequência na sua irmã nenenzinha.
Falando em Bonnie, a limãozinha também tem umas cenas sensacionais neste episódio! A primeira deles sendo, claro, a volta do s'il-vous-plaît. Fazia tempo que não víamos isso e eu fico feliz de que os roteiristas não usem e abusem desse elemento todo episódio, mas somente quando parece conveniente e aqui foi perfeito. Eu adoro como Bonnie fala isso com alguém que foi a professora de seu irmão, mas usando os adjetivos que o próprio rapaz supostamente usou para descrevê-la e mais ainda que ela explica o que o seu s'il-vous-plaît quer dizer, deixando tanto Éclair quanto Clemont ULTRA constrangidos! E, sério, a animação dessa parte também ficou impecável porque seja lá quem for que decidiu dar um biquinho pra Bonnie nessa cena certamente merecia um prêmio! Já Ash e Serena ficam de escanteio desta vez e não fazem muito, apesar de que temos uma ceninha fofinha da moça acariciando seu recém capturado Pancham.
O roteiro do episódio seria impecável, não fosse pelo ataque da Equipe Rocket no terceiro ato. E desta vez nem por culpa dos vilões em si. Sim, eu ainda detesto o fato de que as aparições dele em geral estão muito sem inspiração e esse lema com a mesma animação sendo usada todo santo episódio me incomoda DEMAIS, mas achei a ideia de eles quererem roubar a energia elétrica da faculdade em vez de já atacar os Pokémon uma mudança pra variar. Porém, algo que me incomoda muito aqui é como eles trazem a Policial Jenny de volta… para apenas provar o quão inúteis todas elas são. Tipo, a Equipe Rocket causa um blecaute na cidade toda, mas tem um local, uma construção alta que fica na praça da cidade soltando RAIOS que podem ser vistos de qualquer lugar - ainda mais no escuro -, mas ainda assim a policial vai procurar no subsolo e os nossos heróis ainda demoram a chegar àquela conclusão. Além disso, as baterias que eles usavam para armazenar a energia explodem, então em teoria eles ainda são bem sucedidos em roubar a energia da cidade, mas não conseguem levar o outro, então 50% do sucesso porque, você sabe, eles nunca podem ter uma vitória completa. Essa parte deles foi bem cagadinha, mas não estraga o episódio lindíssimo que foi este e eu ainda gosto muito de como as habilidades ninjas de disfarce deles.


Considerações finais:
  • Quem melhor para apresentar o segmento do Groudon Primitivo do que Steven? Aliás, parece que as Megas apresentadas por Alain são aquelas com as quais ele realmente batalhou e aquelas que ele ainda não conhece (Mega Metagross, Groudon Primal) são introduzidos por outros personagens como a voz misteriosa (Lysandre?) e Steven;
  • Essa cena ♥ Cadê compilação dos melhores abraços de Ash e Clemont, Internet???
  • Eu realmente adoro Clemont citando seu pai hehe. Aliás, não sei se já disse isso aqui antes, mas o inventor no anime é bem fiel à sua contraparte dos jogos. Em X & Y, ele é creditado pela criação do PPS e do Super Training e também por resolver o problema do blecaute na Cidade de Lumiose, que assola a cidade logo no começo do jogo. Também é dito que ele criou uma máquina para ajudá-lo a correr direito, porque esta é sua pior habilidade e que ele planeja visitar o parque de diversões de Unova. E tal qual no anime, apesar dos feitos incríveis, muitas de suas invenções falham;
  • Este charithought já estava 90% escrito há dias, mas meu Pokémon Omega Ruby chegou aqui na sexta, então eu realmente não consegui reunir as forças necessárias para largar o jogo e postar hehe
  • Uma errada sobre o meu charithought anterior sobre o mangá Pokémon: Black & White. O leitor Gustavo Henrique me informou que no final da série Best Wishes! no Brasil o ataque Water Gun foi chamado de Revólver d'Água, o que me lembrou que de fato o pessoal da Panini está seguindo uma lista fornecida a eles pela própria The Pokémon Company, que provavelmente é a mesma dada à equipe de dublagem do anime. Mas pra mim será sempre Jato d'Água, gente =P
  • As ceninhas de captura para Ash, Clemont e Serena estão muito bonitas