Os 20 Anos Daquele Anime que Mudou Minha Vida
Vocês podem achar que é uma típica frase de 1º de Abril, mas houve uma época em que a minha maior alegria e consolo era saber que reprises existiam! Não se deve ter estudos sérios a respeito, mas se sirvo para qualquer coleta de dados inicial, que fique registrado: havia grande infelicidade em ser uma criança que estudava de manhã e não possuía tevê a cabo nos anos 90 e no começo dos anos 2000. Ir para a escola todos os dias significava perder os desenhos da manhã numa época em que Globo e SBT disputavam a atenção do público infantil com um acervo bastante diversificado. Quando a Record decidiu entrar na disputa com seu Eliana & Alegria, ela trouxe junto Pokémon, em 10 de maio de 1999. Mas meu contato com o anime que mudaria minha vida não aconteceria de verdade até dezembro do mesmo ano!
Obviamente, eu já tinha ouvido falar daquele "desenho japonês", mas eu tinha certo preconceito com o gênero. Nunca fui uma criança cativada pelas batalhas de Os Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, e colocava todos os animes no mesmo saco. Além disso, crianças de 10 anos podem ser bem diretas com a programação que querem ver: se você gosta do desenho do Pernalonga, não tem motivo pra mudar de canal, ainda que você já tenha visto o mesmo episódio diversas vezes. Porém, se a manhã era rica em programação infantil, a tarde nem tanto. Percebendo essa lacuna, a Record decidiu aproveitar seu desenho que já vinha fazendo sucesso na época e o encaixou em algum horário da tarde. E foi aí que surgiu minha brecha para dar uma chance ao desenho do Pikachu.
Eu aprendi que Pokémon eram na verdade vários animaizinhos muito legais que tinham poderzinhos. Se eu já amava as diferentes criaturas da vida real com seu ordinário extraordinário, os poderes e as características especiais dos Pokémon certamente me saltaram aos olhos. Tinha um lagartinho lindinho que o rabo pegava fogo e um cachorro fofinho que soltava fogo e um cavalinho lindo que pegava fogo, mas não queimava aqueles em que ele confiava (olha que munitinho - e agora vocês já sabem como os tipo Fogo se tornaram meus favoritos)! E tinha uma tartaruga engraçada que carregava o Pikachu nas costas e o desenho era engraçado e tinha ação e no final o CAVALINHO DE FOGO SE TRANSFORMOU E VENCEU A CORRIDA! Pronto: eu estava conquistado.
Felizmente, se já houve uma época boa para se gostar de Pokémon, era aquela! Havia Supercartas nos chips para colecionar, havia um filme para lançar no cinema com um Pokémon Mewtwo que era muito poderoso e tinha o lendário Mew! E tinha várias miniaturas feiosas e baratinhas pra comprar, chaveiros, camisas, mochilas… eu não podia ter tudo (nem ir ao cinema 😢), mas eu tinha tudo que podia! Obviamente, Charmander foi minha primeira grande paixão e só deus sabe como meu coração doeu quando ele se transformou e não voltou mais a ser Charmander! E depois ele virou aquele Charizard horroroso metido. Foi preciso vê-lo jogar Magmar no vulcão pra eu ver que aquela transformação valera a pena - e logo depois que eu tinha superado a evolução, Charmander aparecia do nada de novo e eu ficava perdido!
Era uma época em que eu acreditava em boatos de Mewthree (afinal se existia um two...) e eu fazia listinhas de papel com os nomes dos Pokémon. A utilidade real do "Quem é esse Pokémon?" era aprender qual era a grafia correta de Pokémon como "Scyther" e "Kangaskhan" - e ainda assim era fácil sair um "sciter". Meus Pokémon em miniatura se viam presos a historinhas que eu criava: novelinhas na qual eles não apenas eram os falantes protagonistas com poderes, mas que também envolviam em romances impossíveis. Nunca vou lembrar se cheguei a dar um final feliz pro casal proibido Flareon e Blastoise - me conhecendo, eu diria que não.
Naquele verão, Pokémon se tornou meu tópico fácil de fazer novas amizades. Era só começar a brincar com eles que surgiam os amigos e vocês conversavam e era tão fácil! Nunca vou esquecer quando chegou meu aniversário de 10 anos e minha mãe tocou o tema de Pokémon pra mim no evento que ela e papai cobriam - lembro de como a emoção de ouvir o pequeno discurso de mamãe com aquele toque inicial maravilhoso do tema virar frustração quando eu notei que a música estava diferente (era a versão em inglês!). Quando as aulas voltaram, eu já arrastava minha mochila de Pokémon atrás de mim com orgulho e, desde então, em todas as minhas turmas do ensino fundamental à faculdade sabiam eu era o pokémaníaco.
E enquanto a cada ano eu temia que fosse o último (porque a vida havia me ensinado que desenhos acabavam), os monstros de bolso continuavam voltando anos após ano. Em contrapartida e para minha infelicidade, pra mim se tornava cada vez mais difícil acompanhá-los. A Pokémon Club aparecia cada vez menos na banca perto de casa, não haviam mais supercartas nem tazos nem outros produtos com a mesma frequência nem tantos amigos assistindo pra comentar e eu ainda era uma criança sem tevê a cabo sem ter como acompanhar minhas aventuras favoritas depois que a Record decidiu abandonar de vez a série. Minhas férias eram alimentadas pela esperança de ir para a casa de algum parente onde Cartoon Network pegasse (felizmente foi numa dessas que consegui ver a fatídica batalha entre Ash e Gary na Liga Johto! Quanta emoção)! E os jogos? Eu não tinha nenhum videogame pra jogar, mas possuía o jogo de tabuleiro Pokémon - Mestre de Treinadores que dava bem pro gasto. Além disso, meus amigos eram bons o bastante para me convidarem para partidas emocionantes de Pokémon Stadium (para levar uma surra deles toda vez). Porém, meu sonho mesmo era ter um Game Boy Color para partir na minha própria jornada Pokémon!
Em 2005, meu pai já estava nos EUA e eu decidi fazer um pedido um pouco "ousado": eu queria um Game Boy Advance com Pokémon FireRed Version pra mim e outro com Pokémon LeafGreen Version "pra minha irmã" - afinal eu precisava de alguém com quem trocar: era hora de começar minha própria jornada do jeito que eu sempre sonhei. A emoção de segurar meu próprio GBA e jogar meu primeiro Pokémon era tanta que cada pixel era admirado com uma sensação de preciosidade enorme no peito! Devo ter passado umas absurdas 3 horas tentando entender o que precisava fazer para sair de Pallet - eu não ousava me aventurar na grama alta: era perigoso afinal! Foram absurdas 96 horas para derrotar a Elite dos Quatro de Kanto, numa looonga jornada que incluiu um dia inteiro preso no Rock Tunnel, sem Flash (eu nem sabia que existia!!!!), e a necessidade de recorrer a um detonado da Nintendo World emprestado pra saber onde pegava o Silph Scope. Não travei o relógio do jogo em 999:59 horas jogadas à toa! Depois disso, ter ao menos um jogo de Pokémon de cada geração se tornou obrigatório.
Mas foi quando eu descobri a Internet que um novo mundo (de aventuras) se abriu diante de mim: havia sites de notícias, havia aberturas em japonês(!!!!) e eram diferentes, havia as músicas de fundo do anime pra ouvir, havia fóruns onde você podia conversar sobre Pokémon com pessoas que moravam longe, tinha o mangá traduzido por fãs para você ler e dava pra jogar pelos emuladores! Foi Pokémon que me fez me interessar pelo inglês (precisava aprender como escrevia os nomes dos Pokémon direito), foi com Pokémon que comecei a rabiscar uns textos quando apenas ler as informações fascinantes e incríveis (e mentirosas, mas até então eu não sabia disso) da Pokémon Club já não bastava, foi com Pokémon que comecei a desenvolver interesse pelo trabalho dos dubladores, foi com Pokémon que eu fiz minhas primeiras amizades de outros estados - muitas delas eu mantenho contato e guardo no coração até hoje!
Em 2006, eu já estava completamente imerso nesse universo digital quando começou Pokémon: Diamond & Pearl. E que quatro anos maravilhosos foram aqueles! Não havia ansiedade maior que esperar o episódio da semana ser legendado para poder comentar (ou debater, ou discutir, ou só não se estapear porque telas) com os amigos na Internet. Cada textão que deus nos acuda. Talvez muitos de vocês não saibam, mas foi com DP que fiz meus primeiros reviews - e ainda botava notinha no final (Escala Sir, o nome)! O melhor de acompanhar essa fase de Pokémon é que ela era a primeira com foco no desdobrar da trama e desenvolvimento dos personagens. Cada vazamento mínimo de revista, pôster, material promocional era importantíssimo para discutirmos teorias loucas e improváveis - e algumas delas acabavam virando verdade!
Quem iria imaginar que Ash trocaria de Pokémon de forma definitiva? Ou que Chimchar iria para Ash? Ou que Dawn teria uma fase de derrotas? Ou que a trama da Equipe Galáctica seria tão maravilhosa? Ou que os 6X6 de Paul VS Ash seriam tão épicos? Ou que a Zoey e Nando travariam uma batalha de Concurso tão linda que eu choraria assistindo e ouvindo Dawn narrar suas emoções do momento? Foi uma era de ouro, que sempre vou guardar como meu momento de fã favorito! E naquela época Pokémon fazia ainda 10 anos… e cá estamos, 10 anos depois: Ash ainda tem 10 anos e eu 26.
Minha relação com a franquia mudou bastante. Pokémon me abriu a porta para outros interesses, que foram arranjando espaço no meu coração, crescendo, se acomodando e até tomando bases secretas que antes pertenciam aos monstros de bolso. É verdade que eu já não acompanho o anime antes como outrora - mesmo sendo infinitamente mais fácil de fazê-lo do que há uns 15 anos atrás - nem jogo mais com o mesmo afinco, nem sei mais o nome de todos os Pokémon (Eelektoq mesmo?), mas eu nunca disse adeus aos monstros de bolso. Existem fases da nossa vida que olhamos pra trás e nos envergonhamos, hobbies, modismos que eventualmente abandonamos e eu sei que pra muita gente, Pokémon representa isso em menor ou maior grau, mas pra mim sempre significou algo mais.
Você deve estar se perguntando por que eu escrevi este texto tão pessoal e tão pouco informativo. Pode ter sido o peso deste número - 20 anos -, pode ter sido a percepção de que Pokémon tem estado comigo pela maior parte da minha vida ou de que em breve o anime logo estará atingindo a marca inimaginável de 1000 episódios. Ou talvez a realização de que grande parte do que eu sou, do que eu faço, de com quem eu convivo, grande parte de tudo isso eu devo a este anime, a este desenho que é mencionado com orgulho pela minha mãe toda vez que ela quer se gabar da minha conquista pessoal de aprender inglês "sozinho", este anime que me deu amigos de verdade e me proporcionou tantas alegrias, tristezas, prazeres e frustrações, que me levou a lugares que eu normalmente não iria, que me levantou quando eu estava pra baixo. Não importa que Pokémon não seja mais meu desenho favorito. Ele não precisa desse espaço porque ele já ocupa um que nenhum outro poderá ocupar: Pokémon é o anime que mudou a minha vida e eu serei sempre sempre sempre sempre eternamente grato a isso.
Obviamente, eu já tinha ouvido falar daquele "desenho japonês", mas eu tinha certo preconceito com o gênero. Nunca fui uma criança cativada pelas batalhas de Os Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, e colocava todos os animes no mesmo saco. Além disso, crianças de 10 anos podem ser bem diretas com a programação que querem ver: se você gosta do desenho do Pernalonga, não tem motivo pra mudar de canal, ainda que você já tenha visto o mesmo episódio diversas vezes. Porém, se a manhã era rica em programação infantil, a tarde nem tanto. Percebendo essa lacuna, a Record decidiu aproveitar seu desenho que já vinha fazendo sucesso na época e o encaixou em algum horário da tarde. E foi aí que surgiu minha brecha para dar uma chance ao desenho do Pikachu.
Eu aprendi que Pokémon eram na verdade vários animaizinhos muito legais que tinham poderzinhos. Se eu já amava as diferentes criaturas da vida real com seu ordinário extraordinário, os poderes e as características especiais dos Pokémon certamente me saltaram aos olhos. Tinha um lagartinho lindinho que o rabo pegava fogo e um cachorro fofinho que soltava fogo e um cavalinho lindo que pegava fogo, mas não queimava aqueles em que ele confiava (olha que munitinho - e agora vocês já sabem como os tipo Fogo se tornaram meus favoritos)! E tinha uma tartaruga engraçada que carregava o Pikachu nas costas e o desenho era engraçado e tinha ação e no final o CAVALINHO DE FOGO SE TRANSFORMOU E VENCEU A CORRIDA! Pronto: eu estava conquistado.
Felizmente, se já houve uma época boa para se gostar de Pokémon, era aquela! Havia Supercartas nos chips para colecionar, havia um filme para lançar no cinema com um Pokémon Mewtwo que era muito poderoso e tinha o lendário Mew! E tinha várias miniaturas feiosas e baratinhas pra comprar, chaveiros, camisas, mochilas… eu não podia ter tudo (nem ir ao cinema 😢), mas eu tinha tudo que podia! Obviamente, Charmander foi minha primeira grande paixão e só deus sabe como meu coração doeu quando ele se transformou e não voltou mais a ser Charmander! E depois ele virou aquele Charizard horroroso metido. Foi preciso vê-lo jogar Magmar no vulcão pra eu ver que aquela transformação valera a pena - e logo depois que eu tinha superado a evolução, Charmander aparecia do nada de novo e eu ficava perdido!
Era uma época em que eu acreditava em boatos de Mewthree (afinal se existia um two...) e eu fazia listinhas de papel com os nomes dos Pokémon. A utilidade real do "Quem é esse Pokémon?" era aprender qual era a grafia correta de Pokémon como "Scyther" e "Kangaskhan" - e ainda assim era fácil sair um "sciter". Meus Pokémon em miniatura se viam presos a historinhas que eu criava: novelinhas na qual eles não apenas eram os falantes protagonistas com poderes, mas que também envolviam em romances impossíveis. Nunca vou lembrar se cheguei a dar um final feliz pro casal proibido Flareon e Blastoise - me conhecendo, eu diria que não.
Naquele verão, Pokémon se tornou meu tópico fácil de fazer novas amizades. Era só começar a brincar com eles que surgiam os amigos e vocês conversavam e era tão fácil! Nunca vou esquecer quando chegou meu aniversário de 10 anos e minha mãe tocou o tema de Pokémon pra mim no evento que ela e papai cobriam - lembro de como a emoção de ouvir o pequeno discurso de mamãe com aquele toque inicial maravilhoso do tema virar frustração quando eu notei que a música estava diferente (era a versão em inglês!). Quando as aulas voltaram, eu já arrastava minha mochila de Pokémon atrás de mim com orgulho e, desde então, em todas as minhas turmas do ensino fundamental à faculdade sabiam eu era o pokémaníaco.
E enquanto a cada ano eu temia que fosse o último (porque a vida havia me ensinado que desenhos acabavam), os monstros de bolso continuavam voltando anos após ano. Em contrapartida e para minha infelicidade, pra mim se tornava cada vez mais difícil acompanhá-los. A Pokémon Club aparecia cada vez menos na banca perto de casa, não haviam mais supercartas nem tazos nem outros produtos com a mesma frequência nem tantos amigos assistindo pra comentar e eu ainda era uma criança sem tevê a cabo sem ter como acompanhar minhas aventuras favoritas depois que a Record decidiu abandonar de vez a série. Minhas férias eram alimentadas pela esperança de ir para a casa de algum parente onde Cartoon Network pegasse (felizmente foi numa dessas que consegui ver a fatídica batalha entre Ash e Gary na Liga Johto! Quanta emoção)! E os jogos? Eu não tinha nenhum videogame pra jogar, mas possuía o jogo de tabuleiro Pokémon - Mestre de Treinadores que dava bem pro gasto. Além disso, meus amigos eram bons o bastante para me convidarem para partidas emocionantes de Pokémon Stadium (para levar uma surra deles toda vez). Porém, meu sonho mesmo era ter um Game Boy Color para partir na minha própria jornada Pokémon!
Em 2005, meu pai já estava nos EUA e eu decidi fazer um pedido um pouco "ousado": eu queria um Game Boy Advance com Pokémon FireRed Version pra mim e outro com Pokémon LeafGreen Version "pra minha irmã" - afinal eu precisava de alguém com quem trocar: era hora de começar minha própria jornada do jeito que eu sempre sonhei. A emoção de segurar meu próprio GBA e jogar meu primeiro Pokémon era tanta que cada pixel era admirado com uma sensação de preciosidade enorme no peito! Devo ter passado umas absurdas 3 horas tentando entender o que precisava fazer para sair de Pallet - eu não ousava me aventurar na grama alta: era perigoso afinal! Foram absurdas 96 horas para derrotar a Elite dos Quatro de Kanto, numa looonga jornada que incluiu um dia inteiro preso no Rock Tunnel, sem Flash (eu nem sabia que existia!!!!), e a necessidade de recorrer a um detonado da Nintendo World emprestado pra saber onde pegava o Silph Scope. Não travei o relógio do jogo em 999:59 horas jogadas à toa! Depois disso, ter ao menos um jogo de Pokémon de cada geração se tornou obrigatório.
Mas foi quando eu descobri a Internet que um novo mundo (de aventuras) se abriu diante de mim: havia sites de notícias, havia aberturas em japonês(!!!!) e eram diferentes, havia as músicas de fundo do anime pra ouvir, havia fóruns onde você podia conversar sobre Pokémon com pessoas que moravam longe, tinha o mangá traduzido por fãs para você ler e dava pra jogar pelos emuladores! Foi Pokémon que me fez me interessar pelo inglês (precisava aprender como escrevia os nomes dos Pokémon direito), foi com Pokémon que comecei a rabiscar uns textos quando apenas ler as informações fascinantes e incríveis (e mentirosas, mas até então eu não sabia disso) da Pokémon Club já não bastava, foi com Pokémon que comecei a desenvolver interesse pelo trabalho dos dubladores, foi com Pokémon que eu fiz minhas primeiras amizades de outros estados - muitas delas eu mantenho contato e guardo no coração até hoje!
Em 2006, eu já estava completamente imerso nesse universo digital quando começou Pokémon: Diamond & Pearl. E que quatro anos maravilhosos foram aqueles! Não havia ansiedade maior que esperar o episódio da semana ser legendado para poder comentar (ou debater, ou discutir, ou só não se estapear porque telas) com os amigos na Internet. Cada textão que deus nos acuda. Talvez muitos de vocês não saibam, mas foi com DP que fiz meus primeiros reviews - e ainda botava notinha no final (Escala Sir, o nome)! O melhor de acompanhar essa fase de Pokémon é que ela era a primeira com foco no desdobrar da trama e desenvolvimento dos personagens. Cada vazamento mínimo de revista, pôster, material promocional era importantíssimo para discutirmos teorias loucas e improváveis - e algumas delas acabavam virando verdade!
Quem iria imaginar que Ash trocaria de Pokémon de forma definitiva? Ou que Chimchar iria para Ash? Ou que Dawn teria uma fase de derrotas? Ou que a trama da Equipe Galáctica seria tão maravilhosa? Ou que os 6X6 de Paul VS Ash seriam tão épicos? Ou que a Zoey e Nando travariam uma batalha de Concurso tão linda que eu choraria assistindo e ouvindo Dawn narrar suas emoções do momento? Foi uma era de ouro, que sempre vou guardar como meu momento de fã favorito! E naquela época Pokémon fazia ainda 10 anos… e cá estamos, 10 anos depois: Ash ainda tem 10 anos e eu 26.
Minha relação com a franquia mudou bastante. Pokémon me abriu a porta para outros interesses, que foram arranjando espaço no meu coração, crescendo, se acomodando e até tomando bases secretas que antes pertenciam aos monstros de bolso. É verdade que eu já não acompanho o anime antes como outrora - mesmo sendo infinitamente mais fácil de fazê-lo do que há uns 15 anos atrás - nem jogo mais com o mesmo afinco, nem sei mais o nome de todos os Pokémon (Eelektoq mesmo?), mas eu nunca disse adeus aos monstros de bolso. Existem fases da nossa vida que olhamos pra trás e nos envergonhamos, hobbies, modismos que eventualmente abandonamos e eu sei que pra muita gente, Pokémon representa isso em menor ou maior grau, mas pra mim sempre significou algo mais.
Você deve estar se perguntando por que eu escrevi este texto tão pessoal e tão pouco informativo. Pode ter sido o peso deste número - 20 anos -, pode ter sido a percepção de que Pokémon tem estado comigo pela maior parte da minha vida ou de que em breve o anime logo estará atingindo a marca inimaginável de 1000 episódios. Ou talvez a realização de que grande parte do que eu sou, do que eu faço, de com quem eu convivo, grande parte de tudo isso eu devo a este anime, a este desenho que é mencionado com orgulho pela minha mãe toda vez que ela quer se gabar da minha conquista pessoal de aprender inglês "sozinho", este anime que me deu amigos de verdade e me proporcionou tantas alegrias, tristezas, prazeres e frustrações, que me levou a lugares que eu normalmente não iria, que me levantou quando eu estava pra baixo. Não importa que Pokémon não seja mais meu desenho favorito. Ele não precisa desse espaço porque ele já ocupa um que nenhum outro poderá ocupar: Pokémon é o anime que mudou a minha vida e eu serei sempre sempre sempre sempre eternamente grato a isso.
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