Pokémon: Yellow #1
Acompanhar as aventuras de Red em Kanto, enfrentando Líderes de Ginásio e seu rival Blue, derrubando a Equipe Rocket, capturando Pokémon e se sagrando Campeão da Liga Pokémon foi legal, mas apesar das reviravoltas e surpresas inseridas na trama por Hidenori Kusaka e Mato, ainda tratava-se de uma história tradicional no mundo habitado por monstros de bolso, tal qual os jogadores haviam experimentado em suas próprias jornadas e semelhante às aventuras que se acompanhava na série animada. Série animada esta que serviu de fonte de inspiração para o quarto título principal de Game Boy dos monstros de bolso, Pokémon Yellow Version: Special Pikachu Edition. Como o mangá não poderia incorporar os elementos do anime, a solução encontrada por seu roteirista foi criar uma história completamente original com um personagem completamente novo, nos dando uma narrativa completamente nova.
Tem um novo Treinador na grama alta
A aventura começa com a triste constatação de que não sobra muito mais para um Treinador fazer depois que ele se torna o Campeão (se o pós-game é inexistente, né RGBY?) a não ser aguardar desafios de oponentes que desejam derrotá-lo - bom, ele poderia tentar completar a Pokédex né, mas se nem eu completo mais, quem sou eu pra julgar? Assim, Red é rapidamente jogado para escanteio para que um novo fascinante protagonista assuma: Yellow.
O novo personagem-título é o exato oposto do seu típico herói shounen: ele é introspectivo, dorme demais, fala pouco, é paciente e está longe de ser o prodígio das batalhas que Red era. Para uma franquia que nasceu ancorada em personagens de ação para meninos, Bosque Veridian foi certamente uma escolha arriscada para comandar uma nova fase do mangá, especialmente considerando que nem sequer o time de Yellow compensa essa falta de apelo do personagem. Doduo e Rattata são dois dois Pokémon menos comerciáveis da I Geração e o roteirista ainda me faz Yellow soltar Seadra! Ainda assim, o roteiro de Kusaka consegue nos convencer da funcionalidade e importância de Doda e Rattatinho, enquanto a ilustração de Mato se encarrega de os tornarem fofinhos o bastante para nos conquistarem.
Felizmente, Hidenori Kusaka sabe muito bem traçar o perfil de sua nova estrela. Yellow pode não ser tão heroico quanto Red, mas é certamente muito mais intrigante. Ele possui habilidades misteriosas: consegue entender os Pokémon de forma peculiar, além de curá-los e possui poderes psiônicos, como telecinese e visão remota. Além disso, apesar do sono frequente e do jeito introspectivo, Yellow é bastante sagaz. Sua inteligência, somada aos seus próprios talentos especiais e a sua capacidade para agir rápido acabam compensando pelo nível baixo de seus Pokémon. É maravilhosa a forma como ele escapa dos poderosos Pokémon de Lorelei, por exemplo,fazendo melhor uso possível de Doda e Ratattinho.
Yellow também possui o traço universal de todo herói de Pokémon: um coração compassivo. Sua motivação para partir em jornada em toda pautada em sua compaixão por Pika e Red. É também reconfortante ver como Kusaka não facilita a relação entre Yellow e Pika tanto assim, fazendo com que a pressa de Pika se choque com a personalidade de Bosque Verde em "VS Marowak". Há rebeldia e desconfiança por parte do Pikachu em relação ao seu companheiro de jornada e até uma certa dúvida de que a criança seja mesmo capaz de ajudá-lo a resgatar seu Treinador desaparecido. Yellow também enfrenta a desconfiança dos demais conhecidos de Red, como os Líderes de Ginásio do bem, mas consegue convencê-los com sua simplicidade, determinação e, claro, compaixão pelos Pokémon.
Treinadores de Elite
A ideia de Kusaka de transformar a Elite dos Quatro em uma equipe de vilões depois de já ter tornado mais da metade dos Líderes de Ginásio em verdadeiros capirotos pode soar um pouco repetitivo, mas o fato é que funciona ainda melhor! Isso porque qualquer pessoa familiar com a franquia reconhece o status da Elite dos Quatro e vê-los atuando como vilões contra alguém tão pequeno e aparentemente indefeso quanto Yellow certamente causa uma impressão, ainda mais sabendo que essas pessoas derrotaram o formidável Red. Aumenta ainda mais a ameaça dos novos vilões saber que eles são conhecidos como Treinadores poderosos e potencialmente perigosos, mas virtualmente intocáveis. Afinal até nos jogos a Elite dos Quatro é a autoridade suprema no mundo Pokémon
Um diferencial do arco de Yellow para o arco de Red é que enquanto o anterior foi contado em três volumes, o atual se estende por quatro. Assim, o roteirista teve mais tempo de contar não só a trama principal, mas também de aprofundar nas narrativas paralelas e dos coadjuvantes. Há um bocado de cenas extras com personagens como Prof. Carvalho, Misty e até Lorelei, explorando pontos de vista diversos. E também há capítulos inteiros dedicados a outros personagens. O primeiro exemplo que vemos aqui é o retorno triunfal de Blue! O velho rival de Red retorna para ser uma espécie de mentor para Yellow, mas antes que vejamos qualquer trabalho realizado entre os dois, Kusaka dedica três capítulos a mostrar o primeiro conflito entre o neto do Professor Carvalho e Agatha da Elite dos Quatro.
A narrativa - que na verdade é um grande flashback que ainda conta com um flashback dentro do próprio flashback (quase um A Origem) - serve como uma boa introdução para Agatha no mangá. Até esse ponto, a perigosa mestra de Pokémon Fantasmas aparecia como uma atacante indireta, alguém que agia nas sombras apenas. Além disso, os capítulos também serve para estabelecer que sua rixa pessoal de longa data com o Professor Carvalho está viva e forte e se estende a seus descendentes. De bônus, ainda temos um vislumbre do treinamento de Blue que precedeu seu início de jornada - algo que será explorado ainda mais no futuro.
Panini e seu péssimo serviço para assinantes
Este mangá foi lançado oficialmente pela Panini Comics em 30 de abril de 2017, mas só recentemente pude lê-lo. O motivo pra isso? O péssimo serviço para assinantes da editora. Quando foi anunciado que haveria assinatura para Pokémon: Red Green Blue e Pokémon: Yellow, eu fiquei bastante feliz porque era uma alívio não correr o risco de perder uma edição por não ter passado na banca na data certa - um medo que eu sempre tinha com Pokémon: Black & White. Porém, o serviço de assinatura da Panini provou-se uma grande dor de cabeça.
O primeiro atraso foi logo com a segunda edição de Pokémon: Red Green Blue, que eu só fui receber em março deste ano, junto da terceira. Depois, foi ainda mais grave com os assinantes recebendo suas primeiras edições de Yellow somente em outubro. O pior é que trata-se de um lançamento bimestral que ainda contou com atrasos de lançamento, então em teoria não deveria ser tão difícil enviar o produto aos clientes. O mais bizarro é que mesmo com reclamações, processos e reclamações no Reclame Aqui, a editora só se manifestava pedindo desculpas e não fazia nada de fato para resolver o problema.
No meu caso, as edições de 1 a 3 de Pokémon: Yellow vieram juntas somente mês passado e a quarta já foi postada, então não deve demorar a chegar. Ainda assim, atrasou totalmente o ritmo desses charithoughts. É triste ver tamanho descaso porque a função da assinatura não é simplesmente prover um serviço de maior comodidade ao cliente, ela também ajuda a garantir um lucro à editora pelo produto logo de cara. Porém, que vantagem tem se comprometer assim se o comprometimento é totalmente unilateral?
A pior parte é que a assinatura da Panini já tem má fama há tempos. Simplesmente ninguém recomenda e todo mundo reclama. Eu mesmo cogitava assinar um dos pacotes da DC Comics, mas desisti por causa da experiência horrível que tive. Seja como for, aprendi minha lição e infelizmente não consigo me ver assinando nada da editora tão cedo. Pokémon: Gold Silver Crystal já foi confirmado (amém!) e eu vou voltar a pegar nas bancas mesmo, ou na Amazon lindíssima que além de entregar super-rápido ainda tem várias promoções!
Considerações finais:
A aventura começa com a triste constatação de que não sobra muito mais para um Treinador fazer depois que ele se torna o Campeão (se o pós-game é inexistente, né RGBY?) a não ser aguardar desafios de oponentes que desejam derrotá-lo - bom, ele poderia tentar completar a Pokédex né, mas se nem eu completo mais, quem sou eu pra julgar? Assim, Red é rapidamente jogado para escanteio para que um novo fascinante protagonista assuma: Yellow.
O novo personagem-título é o exato oposto do seu típico herói shounen: ele é introspectivo, dorme demais, fala pouco, é paciente e está longe de ser o prodígio das batalhas que Red era. Para uma franquia que nasceu ancorada em personagens de ação para meninos, Bosque Veridian foi certamente uma escolha arriscada para comandar uma nova fase do mangá, especialmente considerando que nem sequer o time de Yellow compensa essa falta de apelo do personagem. Doduo e Rattata são dois dois Pokémon menos comerciáveis da I Geração e o roteirista ainda me faz Yellow soltar Seadra! Ainda assim, o roteiro de Kusaka consegue nos convencer da funcionalidade e importância de Doda e Rattatinho, enquanto a ilustração de Mato se encarrega de os tornarem fofinhos o bastante para nos conquistarem.
Felizmente, Hidenori Kusaka sabe muito bem traçar o perfil de sua nova estrela. Yellow pode não ser tão heroico quanto Red, mas é certamente muito mais intrigante. Ele possui habilidades misteriosas: consegue entender os Pokémon de forma peculiar, além de curá-los e possui poderes psiônicos, como telecinese e visão remota. Além disso, apesar do sono frequente e do jeito introspectivo, Yellow é bastante sagaz. Sua inteligência, somada aos seus próprios talentos especiais e a sua capacidade para agir rápido acabam compensando pelo nível baixo de seus Pokémon. É maravilhosa a forma como ele escapa dos poderosos Pokémon de Lorelei, por exemplo,fazendo melhor uso possível de Doda e Ratattinho.
Yellow também possui o traço universal de todo herói de Pokémon: um coração compassivo. Sua motivação para partir em jornada em toda pautada em sua compaixão por Pika e Red. É também reconfortante ver como Kusaka não facilita a relação entre Yellow e Pika tanto assim, fazendo com que a pressa de Pika se choque com a personalidade de Bosque Verde em "VS Marowak". Há rebeldia e desconfiança por parte do Pikachu em relação ao seu companheiro de jornada e até uma certa dúvida de que a criança seja mesmo capaz de ajudá-lo a resgatar seu Treinador desaparecido. Yellow também enfrenta a desconfiança dos demais conhecidos de Red, como os Líderes de Ginásio do bem, mas consegue convencê-los com sua simplicidade, determinação e, claro, compaixão pelos Pokémon.
Treinadores de Elite
A ideia de Kusaka de transformar a Elite dos Quatro em uma equipe de vilões depois de já ter tornado mais da metade dos Líderes de Ginásio em verdadeiros capirotos pode soar um pouco repetitivo, mas o fato é que funciona ainda melhor! Isso porque qualquer pessoa familiar com a franquia reconhece o status da Elite dos Quatro e vê-los atuando como vilões contra alguém tão pequeno e aparentemente indefeso quanto Yellow certamente causa uma impressão, ainda mais sabendo que essas pessoas derrotaram o formidável Red. Aumenta ainda mais a ameaça dos novos vilões saber que eles são conhecidos como Treinadores poderosos e potencialmente perigosos, mas virtualmente intocáveis. Afinal até nos jogos a Elite dos Quatro é a autoridade suprema no mundo Pokémon
Um diferencial do arco de Yellow para o arco de Red é que enquanto o anterior foi contado em três volumes, o atual se estende por quatro. Assim, o roteirista teve mais tempo de contar não só a trama principal, mas também de aprofundar nas narrativas paralelas e dos coadjuvantes. Há um bocado de cenas extras com personagens como Prof. Carvalho, Misty e até Lorelei, explorando pontos de vista diversos. E também há capítulos inteiros dedicados a outros personagens. O primeiro exemplo que vemos aqui é o retorno triunfal de Blue! O velho rival de Red retorna para ser uma espécie de mentor para Yellow, mas antes que vejamos qualquer trabalho realizado entre os dois, Kusaka dedica três capítulos a mostrar o primeiro conflito entre o neto do Professor Carvalho e Agatha da Elite dos Quatro.
A narrativa - que na verdade é um grande flashback que ainda conta com um flashback dentro do próprio flashback (quase um A Origem) - serve como uma boa introdução para Agatha no mangá. Até esse ponto, a perigosa mestra de Pokémon Fantasmas aparecia como uma atacante indireta, alguém que agia nas sombras apenas. Além disso, os capítulos também serve para estabelecer que sua rixa pessoal de longa data com o Professor Carvalho está viva e forte e se estende a seus descendentes. De bônus, ainda temos um vislumbre do treinamento de Blue que precedeu seu início de jornada - algo que será explorado ainda mais no futuro.
Panini e seu péssimo serviço para assinantes
Este mangá foi lançado oficialmente pela Panini Comics em 30 de abril de 2017, mas só recentemente pude lê-lo. O motivo pra isso? O péssimo serviço para assinantes da editora. Quando foi anunciado que haveria assinatura para Pokémon: Red Green Blue e Pokémon: Yellow, eu fiquei bastante feliz porque era uma alívio não correr o risco de perder uma edição por não ter passado na banca na data certa - um medo que eu sempre tinha com Pokémon: Black & White. Porém, o serviço de assinatura da Panini provou-se uma grande dor de cabeça.
O primeiro atraso foi logo com a segunda edição de Pokémon: Red Green Blue, que eu só fui receber em março deste ano, junto da terceira. Depois, foi ainda mais grave com os assinantes recebendo suas primeiras edições de Yellow somente em outubro. O pior é que trata-se de um lançamento bimestral que ainda contou com atrasos de lançamento, então em teoria não deveria ser tão difícil enviar o produto aos clientes. O mais bizarro é que mesmo com reclamações, processos e reclamações no Reclame Aqui, a editora só se manifestava pedindo desculpas e não fazia nada de fato para resolver o problema.
No meu caso, as edições de 1 a 3 de Pokémon: Yellow vieram juntas somente mês passado e a quarta já foi postada, então não deve demorar a chegar. Ainda assim, atrasou totalmente o ritmo desses charithoughts. É triste ver tamanho descaso porque a função da assinatura não é simplesmente prover um serviço de maior comodidade ao cliente, ela também ajuda a garantir um lucro à editora pelo produto logo de cara. Porém, que vantagem tem se comprometer assim se o comprometimento é totalmente unilateral?
A pior parte é que a assinatura da Panini já tem má fama há tempos. Simplesmente ninguém recomenda e todo mundo reclama. Eu mesmo cogitava assinar um dos pacotes da DC Comics, mas desisti por causa da experiência horrível que tive. Seja como for, aprendi minha lição e infelizmente não consigo me ver assinando nada da editora tão cedo. Pokémon: Gold Silver Crystal já foi confirmado (amém!) e eu vou voltar a pegar nas bancas mesmo, ou na Amazon lindíssima que além de entregar super-rápido ainda tem várias promoções!
Considerações finais:
- Vamos começar listando os erros e incoerências!
- Logo na contracapa, Silph Co. aparece escrito Sylph Co.;
- Em "VS Doduo", quando Yellow desenha Pika ele lista seus ataques como sendo "Choque Elétrico" e "Choque do Trovão". Originalmente, os movimentos eram o Thunder Shock e o Thunderbolt, que atualmente no Brasil são chamados oficialmente de Trovoada de Choques e Relâmpago em Pokémon Go e nas Estampas Ilustradas (Thunderbolt ainda é Choque do Trovão no anime). O problema desse erro é que ele tem sido frequente. Em Pokémon: Red Green Blue #3, isso já havia sido um problema e ele se repete aqui. Seria legal se o tradutor Fernando Mucioli se ativesse à listinha dada a ele pela Pokémon Company;
- Em "VS Magneton", Blue explica que o Focalizar Energia aumenta as chances de o ataque ser superefetivo. Na realidade, aumenta as chances de o ataque dar dano crítico, uma vez que efetividade de ataque não é algo que depende de probabilidades;
- Nas Estampas Ilustradas, Lapras é o Pokémon Transporte. No mangá, é o Pokémon Montaria;
- Adoro a cena em que Blaine pede desculpas à Misty pelos experimentos realizados em Gyara. É o tipo de detalhe de continuidade que faz toda diferença;
- Green faz uma rápida aparição maravilhosa, revelando estar por trás de Yellow;
- E os planos mirabolantes continuam! O que foi o lance do campo eletromagnético da eletricidade acumulada no traje do Super Nerd agindo como um ímã? Isso sequer é possível na física? Às vezes queria ter prestado mais atenção a essa matéria só pra entender as estratégias loucaças do Kusaka;
- Sabe aquele negócio que a gente vai poder fazer a partir do próximo dia 17 no Mantine? Então, Blue já fazia há 20 anos em seu Golduck!
- Em "VS Lapras", Blue alega que um Pokémon capturado não pode ser pego por outro Treinador. Todavia, neste Volume mesmo vemos Pikachu sendo colocado numa Poké Bola pelo Professor Carvalho depois de andar da Montanha da Lua até Pallet. É muito improvável que tenha sido a mesma Bola na qual Red guardava seu Pokémon;
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